top of page
Foto do escritorIrina Marques

Artista Plástico II

Atualizado: 2 de dez. de 2024

As ideias e inspirações, como surgem? Tão depressa me encontro na costa, a ver a maré vazia e a sensação de vazio como de repente, no dia seguinte, a maré enche e há uma agitação nas ondas, aí tudo muda - um festival de ideias surge na minha cabeça.


Os músicos ouvem música, decifram partituras e tocam. Os escritores leem o máximo possível, absorvem textos e escrevem. Os bailarinos testam as suas capacidades, veem movimentos e posicionam o seu corpo até sair aquela movimentação. Os artistas plásticos veem o máximo de imagens e quotidianos visuais e testam no pincel as suas capacidades.


O que me acontece é ser uma pessoa extremamente visual, quando olho para determinada coisa absorvo traços gerais ou posso olhar profundamente e ver o seu composto, camada sobre camada, detalhes, cores, posicionamentos, volumes, perspectivas - engraçado é que ao traduzir em escrita, parece que estou a absorver ou a passar por algum processo de análise profunda mas não estou - o olho já se encontra treinado a ver desta forma. Talvez se estivesse a começar a desenhar ou pintar, ainda estivesse nestes processos de treinamentos mas não, desde nova que sinto que sempre absorvi as coisas de forma natural.


Há aqui um limiar ao que chamo carinhosamente de - visão distorcida sobre as coisas ou alucinações - passo a explicar. Não, uma, duas, três ou quatro vezes que olho para algo e vejo além não me prendo ao concreto. E é isto mesmo que me leva á criação. Posso ser uma artista realista em que pinto o que realmente vejo ou entrar neste extase que me leva á abstração e outras ideias. As minhas surrealidades vêm destas observações, das tais visões distorcidas que tenho sobre determinado tema, acontecimentos ou lembrança.


Existe sim, uma propensão nata a distorcer, exagerar, minimizar... Mas também creio que a criatividade passa exactamente por isso - só temos que encontrar o ponto certo entre a realidade e imaginação. A criação reside na desconstrução de uma ideia pré-concebida de forma a torna-la outra coisa qualquer.


Ontem senti-me inspirada por um curso de aguarela que estive a ver, senti-me extremamente motivada em por em prática aquilo que aprendi. Resumindo o meu insucesso: pus em prática e entrei em hiperfoco toda a manhã e parte da tarde - achei que ia conquistar o mundo e ia sair dali obras completamente fora da caixa. Para entretanto parar a meio da tarde, olhar as pinturas e ver que só fiz borradas. Não vou mentir a dizer que no final do dia não me senti um pouco frustrada porque o pensamento se prendeu ao tempo de desperdicei, mas hoje, analisando friamente sei que se prendeu a um processo de aprendizagem, eu precisava de fazer aqueles estudos e tudo o que crio, não tem exatamente que ser uma "obra de arte". Para se acertar tem que se errar inúmeras vezes.


Hoje acordei com a sensação de que vir de férias e ter feito uma pausa dos meus trabalhos talvez não tivesse sido uma boa ideia porque é tão difícil entrar novamente na dita rotina. Mas de repente heis que surge algo que vi e me dá de novo o boost para voltar a imaginar, seguir em frente e concretizar uma nova ideia. E neste aspecto tenho que agradecer ao meu cérebro e o seu funcionamento com deficit de atenção e hiperactividade, as ideias surgem como, conforme disse, festivais. As mais pequenas coisas dão-me inspiração para criar - bastou ver uma pequena coisa e um mundo inteiro se revelou á minha frente.



Comments


Commenting has been turned off.
bottom of page