Texto republicado, escrito em 2018.
A natureza inspira-me, imenso, hoje dedico aqui uma reflexão…
Já alguma vez observaram atentamente uma montanha?
Não apenas o físico, o conceptual, mas toda a sua envolvência?
Já repararam bem o que é uma montanha?
Ora, ela está ali, todos os dias permanece firme é imponente e ergue-se.
Eleva-se aos céus, toca neles, está lá em cima.
Por ser tão elevada e abarcar uma vasta zona de terreno,
Sofre de consequências.
Algo tão poderoso, não é deixado tranquilamente,
Passa-se sempre algo em seu redor.
O que acontece à montanha?
Lá do cimo, ela foca-se na atmosfera, no céu.
Mas já repararam que por vezes, chove, vem nevoeiro ou passam nuvens?
Mas a montanha, permanece, fixa só o céu.
Toda a atmosfera passa desde que não haja a permanência,
Tudo passa.
Fixa o céu.
Ao seu redor,
Movem-se pássaros, ouve vozes humanas, barulhos.
Mas a montanha foca em si mesma, no seu interior, na sua calma.
Por vezes turbulenta, existem tremores, faz parte,
Esses tremores, agitações são completamente normais,
Fenómenos naturais que a natureza pretende expulsar,
Mas a montanha, sapiente, sabe isso.
Fica fixa.
Ignora ruídos.
Não mexe.
Fixa o céu.
E lá passou mais uma nuvem…
Por vezes, em cima da montanha, andam animais,
Alimentam-se dela, vão a sítios cavernosos, cascatas.
A montanha tem consciência disso, ela sabe que os tem,
Mas não há nada que a demova, que a faça mexer,
Ela é uma montanha,
E no fundo, já passou.
Tomou consciência.
Tudo passa.
Ignora ruídos.
Fica fixa.
Fixa o céu.
E com isto, passou mais uma nuvem, que a montanha não focou…
Estas lutas, são reais, mas trás uma grande aprendizagem. Viver para nós, aprender lições gratificantes e cultivar e partilhar empatia.
Este texto foi escrito durante um processo de aprendizagem em meditação. Em 2018 tive uma grande depressão que me levou a perder as esperanças na vida. A situação tornou-se tão grave que tive que procurar ajuda profissional. Desde aí que o meu processo de aprendizagem tem sido constante, hoje em dia, ainda sofro de pontuais episódios depressivos devido ao meu diagnostico de ter Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, tem sido uma constante luta saber e aprender a conviver com este transtorno.
As montanhas, surgem de uma fase em que me dediquei à meditação, uma analise e comparação, uma analogia. É inclusive nas montanhas, sobretudo as do Gerês que eu faço montanhismo e caminhadas, na altura em que o texto foi escrito, viva no Porto - via-me impossibilitada de a qualquer momento ir para este local. Fazia-me falta e ficava com saudades do silêncio, da solidão, da introspeção que estas caminhadas e que a natureza me proporcionavam.
Irina Marques
Escrito no antigo blogue It's my life, 2018.
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