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Foto do escritorIrina Marques

Da escrita, um poema

Escrever,

sobre aquilo que se sente

mas também sobre o que não se sente

onde a mente deriva e mente

tanto que não se sabe analisar.

Escrever não ocupa lugar.

Ou talvez ocupe, um lugar qualquer

nos confins da memória passada

e de nossa existência apenas somos isso

passado, no presente de outro alguém

ou sombra vazia que escoa de passagem

neste caminho temporal, estreito

dramatizamos ou ironizamos

a nossa existência

algo sem muita coerência

à qual tentamos objectivar

significar, simplificar, complicar.

Moldamos a forma ao longo dos anos

e pena é daqueles que caminham

para o apontar de defeitos

seres prefeitos

que não falam de sua experiências

vazias de essência,

que insensatez.

Ocupo lugar com palavras vazias

que logo caem em esquecimento

no vácuo existencial dos dias que correm

porque eles não decorrem

passam num ápice

que espécie de dias vivemos, hoje

reformulo já foi ontem

está no passado

e já não nos lembramos.

E escrevo na tentativa de entender

aquilo que não tem compreensão

já nem coloco em questão

a sapiência da certeza

cheia de incoerência.

Escrever para divagar

escrever para desabafar

escrever para registar

escrever para questionar

sentidos.


Irina Marques

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