Escrever,
sobre aquilo que se sente
mas também sobre o que não se sente
onde a mente deriva e mente
tanto que não se sabe analisar.
Escrever não ocupa lugar.
Ou talvez ocupe, um lugar qualquer
nos confins da memória passada
e de nossa existência apenas somos isso
passado, no presente de outro alguém
ou sombra vazia que escoa de passagem
neste caminho temporal, estreito
dramatizamos ou ironizamos
a nossa existência
algo sem muita coerência
à qual tentamos objectivar
significar, simplificar, complicar.
Moldamos a forma ao longo dos anos
e pena é daqueles que caminham
para o apontar de defeitos
seres prefeitos
que não falam de sua experiências
vazias de essência,
que insensatez.
Ocupo lugar com palavras vazias
que logo caem em esquecimento
no vácuo existencial dos dias que correm
porque eles não decorrem
passam num ápice
que espécie de dias vivemos, hoje
reformulo já foi ontem
está no passado
e já não nos lembramos.
E escrevo na tentativa de entender
aquilo que não tem compreensão
já nem coloco em questão
a sapiência da certeza
cheia de incoerência.
Escrever para divagar
escrever para desabafar
escrever para registar
escrever para questionar
sentidos.
Irina Marques
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