Ser de dualidade,
ter em mim o querer falar,
mas no entanto guardo e deambulo,
num gosto absurdo pelo silêncio,
ao ponto de conseguir sentir,
o interno batimento,
como se de um ritmo que me marcasse,
neste compasso, tão, tão profundo,
que me leva a uma exclusão.
Ambiguidade de querer falar,
mas pouco acertar,
tímida e ponderada,
comunicar não é um forte,
em mim,
falha nas palavras,
de muito a querer dizer,
mas irá alguém entender?
Tento falar,
pensar para acrescentar,
entender ou ajudar,
saber escutar.
Navegar nos seus significados,
decifrados, outros,
esquecidos e postos de lado,
de causas perdidas,
ou mesmo enganados.
Escuto.
Ouço, observo, analiso, basta...
Então,
retraio-me no silêncio,
e mergulho na profundeza,
no azul turqueza,
de mim.
Meu fundo é desta cor.
Já num olhar distante,
observo o horizonte,
um para lá, sem fim.
E penso…
As minhas melhores palavras,
são as que ficam por escrever,
por dizer,
manifesto-me na acção,
causa a reacção,
da minha expressão,
que ganha manifestação,
no agir,
assim como a pintar,
ou tocar,
Talvez…
Talvez seja essa,
a possível explicação,
para uma melhor compreensão,
desta dualidade,
da comunicação que há em mim.
- Irina Marques
© texto ao abrigo da lei de copyright
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