Tinha dias que ela apenas queria ficar sossegada, não falar com ninguém, não ver ninguém e fazer as coisas à sua maneira. Estes dias calhava, exactamente, quando ele viajava. Era o caso, tinha saído numa viagem de negócios e ela apenas queria aproveitar o seu tempo para se dedicar um pouco a si.
Logo pela manhã, tudo era mais difícil. Enquanto não tomava o seu café pela manhã a sua capacidade de raciocínio não era a mesma e tudo se passava em modo lento. Gostava de acordar e focar numa ideia específica ou num tema qualquer e logo a partir daí, as ideias desenrolaravam e fluíram - não de forma linear mas sim por associações.
Desde à alguns tempos que as suas ideias não vinham com a mesma frequência que antigamente e só havia uma causa para isso, ter encontrado um novo foco e dedicou-se exclusivamente a ele. Acordava e o seu foco era sempre o mesmo, deixando de parte outras coisas a que se deveria dedicar.
Algo que não a ajudava era quando se focava num raciocínio e a sua mãe a interrompia com temas do dia a dia, questionamentos fúteis e conversas pontuais. Portanto, ela queria-se focar no que era importante e no que haveria de trabalhar nesse dia, tendo em conta que ele estava em viagem mas o tempo que ela se poderia focar o seu cérebro era preenchido com temas vazios. Compreendia que a sua mãe tinha uma necessidade enorme de conversar, mas ela não era assim - logo entravam em conflito porque estava concentrada em algo e era interrompida constantemente na sua mente. Por vezes as respostas saíam de forma ríspida. Já havia explicado vezes sem conta que de manhã, queria tempo para si, mas esse espaço nunca era respeitado.
Quotidianos
Irina Marques
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