Sentamo-nos e falamos
do tempo
de como as coisas vão
de como a vida foi difícil
de como os tempos que correm são estranhos
de como é fácil agora
de que as coisas estão melhores
do passado
do presente
do futuro
de como gostaríamos que as coisas tivessem sido
de como as coisas foram
de como as coisas não foram
de idealizações
de concretizações.
Sentamo-nos e falamos
da calma dos dias que correm
das guerras e fomes
da injustiça que corre o mundo
da dificuldade do ser humano se entender
de outros que não querem perceber
das atrocidades que se cometem
das bondades também.
Sentamo-nos e falamos
daqueles que cá estão
daqueles que foram
daqueles que ainda virão
daqueles que viraram lenda
daqueles que ninguém fala
daqueles que sempre estiveram ao nosso lado
daqueles que nos quiseram ver pelas costas
daqueles que se mantém
daqueles que deixamos para trás
daqueles que nem nos podem ver à frente
daqueles que nos esperam
daqueles que nos entendem
daqueles que não nos percebem
daqueles que nos mentiram
daqueles que sempre foram honestos.
Sentamo-nos e falamos
das nossas companhias
da nossa vida
das nossas imaginações
da nossa realidade
do nosso orgulho
dos nossos perdões
de quem não dá o braço a torcer
de quem acha que o mundo sem que viver à sua vontade
de quem dá tudo pelo mundo
de quem tem sempre algo a acrescentar
de quem prefere calar
de quem se anula
de quem se sobressai.
Sentamo-nos e falamos…
assunto não falta,
falta é quem se sente
para ouvir e falar.
Irina Marques
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