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Foto do escritorIrina Marques

O que não dizemos, um poema

Atualizado: 17 de abr. de 2023

Tenho tanto para te contar

mas preferi ficar pelos meios termos

de uma terminologia incoerente

mas que faz todo o sentido na minha mente.

Mente, mente que mente...

própria na busca

de narrativas que contam

pontos por pontos

tudo o que creio e desacredito

até parece bonito

verbalizado

mas muito, fica por dizer.

Talhamos palavras

em sorrisos discretos

que muitas vezes encobrem dores

transformamos noutros sabores

delicadamente, suavemente,

até as nossas histórias caberem

num recorte vocabular.


E quanta incoerência não fica pelo caminho?

E quantas vezes queremos dizer algo

mas é percecionado o oposto

em crenças que acreditam

nas suas próprias histórias

e até podem dizer que te conhecem

mas nunca conseguirão sentir a tua vivência.


Sorrimos em cumplicidade

ambas com suas compreensões

pontos por pontos

encontramos um equilíbrio

no meio de todo o caos

de toda esta dormência emocional

que só me faz querer isolar

na impercepção da minha irrealidade

deixo a mente dormente

procuro todo o significado

nas mais pequenas coisas mundanas

e do dia a dia e desacredito

em toda a primeira impressão.


Os meus olhos enganam-me

a minha mente também

quanto à minha intuição,

escapo por vezes à sua compreensão

mas confio

até certo ponto.

E ponto por ponto

vou falando

nas entrelinhas

das coisas que não quero falar

do dito e o não dito

calo as minhas narrativas

tão próprias

mas que a qualquer um pode assentar

porque temos tanto para contar

mas poucas palavras para falar

nos dias que correm

correm, sem dicção.

Caio no vazio,

no silêncio

da minha incompreensão

sujeita a qualquer impressão.


Se eu falar

poucos vão compreender

mas muitos vão julgar.


In Comunicação Inquietante

Irina Marques




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