Tenho tanto para te contar
mas preferi ficar pelos meios termos
de uma terminologia incoerente
mas que faz todo o sentido na minha mente.
Mente, mente que mente...
própria na busca
de narrativas que contam
pontos por pontos
tudo o que creio e desacredito
até parece bonito
verbalizado
mas muito, fica por dizer.
Talhamos palavras
em sorrisos discretos
que muitas vezes encobrem dores
transformamos noutros sabores
delicadamente, suavemente,
até as nossas histórias caberem
num recorte vocabular.
E quanta incoerência não fica pelo caminho?
E quantas vezes queremos dizer algo
mas é percecionado o oposto
em crenças que acreditam
nas suas próprias histórias
e até podem dizer que te conhecem
mas nunca conseguirão sentir a tua vivência.
Sorrimos em cumplicidade
ambas com suas compreensões
pontos por pontos
encontramos um equilíbrio
no meio de todo o caos
de toda esta dormência emocional
que só me faz querer isolar
na impercepção da minha irrealidade
deixo a mente dormente
procuro todo o significado
nas mais pequenas coisas mundanas
e do dia a dia e desacredito
em toda a primeira impressão.
Os meus olhos enganam-me
a minha mente também
quanto à minha intuição,
escapo por vezes à sua compreensão
mas confio
até certo ponto.
E ponto por ponto
vou falando
nas entrelinhas
das coisas que não quero falar
do dito e o não dito
calo as minhas narrativas
tão próprias
mas que a qualquer um pode assentar
porque temos tanto para contar
mas poucas palavras para falar
nos dias que correm
correm, sem dicção.
Caio no vazio,
no silêncio
da minha incompreensão
sujeita a qualquer impressão.
Se eu falar
poucos vão compreender
mas muitos vão julgar.
In Comunicação Inquietante
Irina Marques
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