Hoje faço anos, e por norma, nesta data e outra (que é o final de ano) costumo fazer uma espécie de retrospectiva das minhas concretizações pessoais até à data. É como se atingisse uma meta, a idade. Claro está que nada do que idealizei quando era mais nova e adolescente se realizou, algumas coisas sim, mas outras… correram de outras formas… e houveram outras realizações.
No ano passado, festejei os meus anos de forma bastante mais intensa, fazia 40 anos, senti que estava numa espécie de limbo entre o que eu já vivi e o que eu possa vir a viver. Este ano acrescento mais um a esses quarenta. E tenho a agradecer no decorrer deste ano, profissionalmente, ter conseguido realizar duas exposições.
No campo pessoal, sinto-me como no deserto ainda sem lá ter ido - ambiente árido, com leveza de ondas, que se sucedem umas atrás das outras e uma brisa de areia - perdida. Acredito que este sentir não vai durar muito, quando determinados eventos acontecem na nossa vida passamos por momentos mais baixos mas depois eles têm a tendência a subir novamente.
“A vida como a nossa montanha russa pessoal”
Ou como as ondas, que vai e vêm, nunca sendo uma onda igual à anterior. E nesta embarcação que é a vida, aguentamos: períodos de calmaria, tempestades, períodos de marasmo, tédio, euforia. Observamos calmamente as correntes, os peixes, as outras embarcações que passam por nós - mantemos o nosso bote à tona. E registramos aos poucos no nosso diário de bordo a vida, vivências e ocorrências. O truque é: mantermo-nos a flutuar e nunca afogar.
“Existem alturas que nem a poesia me safa,
mas a escrita, há qualquer coisa nela,
o desabafo, talvez
a honestidade, talvez
a humildade e liberdade de colocar numa folha,
tudo aquilo que reside cá dentro,
e ela voar…
Sem julgar.”
E neste dia, não poderia deixar de estar agradecida aos meus familiares e amigos que me aturam aos anos, com este meu feitio - que digamos de passagem que nem é bom nem mau - por vezes irônico e teimoso, nem sempre compreendido mas que me toleram. E especialmente à minha mãe, que sempre me apoiou incondicionalmente na minha vida, e passou o cabo dos trabalhos para me dar à luz, porque nasci com um atraso de 20 dias. Mais um e não seria eu que cá estaria. Ao meu namorado/marido que apesar das nossas diferenças e contradições mantemos o nosso amor sempre presente.
“Os pequenos gestos sem palavras
o silêncio
o nada
que é muito, muito mais
que as mil palavras ditas ou redigidas.”
Este ano, não estou inspirada, mas umas palavrinhas registadas no meu aniversário tinham que constar. No fundo, parabéns, para mim.
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