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Foto do escritorIrina Marques

Artista Plástico III

Atualizado: 2 de dez. de 2024

As constantes buscas não se prendem à perfeição, há muito que sei que por mais que a tentemos alcançar o sentimento de frustração é constante. Mas se ainda a procuro? A resposta é sim, não uma procura por perfeição no significado literal da palavra, mas mais, uma busca por algo.


A constante busca por algo leva-me a experimentar novos materiais, novas técnicas, novas abordagens - é uma obra constantemente insatisfeita, talvez porque quem a elabora também esteja. Não é raro que me prendo a colocar defeitos na obra, ela tem tudo aquilo que eu sou. Tenho obras ansiosas, teimosas, pacientes, apaixonadas, desiludidas, desestruturadas - tudo o que me representa.


O jogo de cores e as linhas lutam entre si no mesmo espaço confinado, cada um tenta preencher o espaço da forma que sabe e que pode. A minha abordagem à arte é, portanto, algo que se prende a uma insatisfação e não são poucas as vezes que olho para o resultado final (que não consigo olhar para o resultado final) e me prendo aos detalhes, pormenores daquilo que poderia ser melhorado. Assim sendo pego numa nova tela e tento, novamente na eterna luta de tentativa e erro, em que o erro sempre supera.


Seria correcto afirmar que as minhas obras são frutos dos meus erros? Não sei. Mas conforme Paul Cézanne já dizia "A arte é a forma mais pura de comunicação". À superfície de uma tela vêm as minhas inquietações e outros sentimentos. Elas contam-me histórias de momentos, lugares, sentimentos e experimentos. Não é estática, cada vez que as observo, e por vezes quando me afasto da situação vejo novas coisas, novas histórias. A arte é a forma de deixar a mente divagar e criar novas possibilidades, citação de Kandinsky.


Durante muito tempo ficava irrequieta quando mostrava um quadro e as pessoas não viam aquilo que eu queria mostrar. Mas que queria eu na altura? E o incrível da questão é que as pessoas em geral viam as coisas mais bizarras e estranhas que se pudesse imaginar - hoje com as abstrações eu quero mesmo provocar esse tipo de sentimento, eu quero que as pessoas imaginem coisas, que vão mais além do que aquilo que vêm. Eu sei o que está ali representado mas as interpretações nunca serão as minhas criações - e hoje em dia é isso que me fascina. Deixar o observador criar.


Nunca fui artista realista, a realidade é cheia de regras que bloqueiam a visão mais ampla das coisas. Eu se quiser fazer uma obra realista cheia de volumes, perspetivas, luz/sombra e "real" eu sei a fazer, mas não quero. O mudo da imaginação é muito mais convidativo e criativo e abre portas para novas ideias circularem. Elas, cumprimentam-se, tocam-se e fundem-se. E não desenvolvo esta temática de que a arte é mesmo isso.


Se admiro quem pinte o real, concreto e palpável, sim, exige uma técnica e perícia que não deixo de valorizar. Se é o meu estilo? Não. Eu gosto de comunicações inquietantes, em que o cérebro tropeça em ideias e em que aquilo que é visto poderá não bem ser o que se vê à primeira vista. Analises profundas tomarão novos caminhos. Paralelismos serão diversos. Os vários significados e simbolismos estão ali presentes à frente do olhar do observador. Se ele os absorve ou interpreta como eu, isso agora são outras histórias - e dessas, tenho várias.

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