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Foto do escritorIrina Marques

Artista Plástico VI

Atualizado: 2 de dez. de 2024

Não vou mentir quando digo que o meu sonho sempre foi pintar. Se tenho jeito ou não isso agora são outras questões. Se as minhas obras são belas ou feias também são outras questões. Se dizem ou traduzem algum sentimento, eu gostaria que sim mas se não, isso agora são outras questões.


A minha formação em História da Arte permitiu-me entender profundamente o mundo da arte, isto é, como se formam movimentos artísticos, que períodos foram mais férteis às obras se criarem, como os artistas eram tratados e contratados, as suas técnicas, materiais, estilos... Foram estudos muito gratificantes para o desenvolver da minha personalidade.


Obviamente que na altura em que estudava não tinha tempo para por em prática a parte da pintura, porque os estudos foram demasiado imersos em teoria mas aquele bichinho do querer fazer nunca me abandonou. Durante o curso absorvi um sem numero de imagens e conheci os mais diversos pintores com as suas mais excêntricas personalidades.


Olhar para uma tela e dizer - é bonito ou feio - não faz parte da minha critica. Passo a explicar. Durante toda a História da Arte surgiram movimentos e muitos deles aparentemente primavam pelo "ridículo" mas entendendo o contexto em que surgiam e a teoria que os fundamentava passava a ser tolerável. Não é que se gostasse, mas o estar teorizado e explicado dava um novo valor ao objecto artístico. Eu necessito saber o que está por trás da obra e não teço juízo de valor imediato.


Obviamente que todos estes critérios não se passam comigo, para mim as minhas obras são sempre fracas, incompletas, imperfeitas - e sei que sou muito dura comigo mesma - é a constante busca por novidade que não me deixa apreciar o que realmente foi ali elaborado.


Estranhamente este sentimento dissipa-se se eu crio abstracções. A ultima obra que criei talvez tenha sido das poucas que me agradou o resultado final e recorri aos títulos de Kandinsky, um dos meus maiores mentores.


Quando crio abstrações permito-me viajar longe, saltar de pensamento para pensamento e intercalar, ali, não há o correcto ou incorrecto, o real e concreto - a obra de arte possui a sua própria vida.

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