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Foto do escritorIrina Marques

Conhece-te a ti mesmo, linhas ténues.

Uma auto-observação, quando nos afastamos dos nossos sentimentos mais turbulentos ou apaixonados e conseguimos ter uma consciência mais imparcial dos mesmos. É como pairar por cima ou perto do fluxo de consciência, mas sem ser imerso e perdido nos acontecimentos. É ser observador e tomar consciência dos sentimentos no momento em que eles ocorrem. O que pode acontecer, por vezes, é não termos controle sobre eles por ter a cabeça tão cheia de verdades dos outros.

Quando é que sabemos o que sentimos realmente? Tendo em conta que passamos uma vida inteira a construir-nos baseados nas verdades que os outros pretendem de nós, encaixando-nos, moldando-nos - chegamos a um ponto que perdemos contacto com a nossa verdadeira natureza.

É aquele microssegundo, entre o estímulo que provoca a sensação, que reside a nossa essência. É necessário estar muito atento porque logo, logo vamos ser tomados pelas regras da razão e raciocínio.


Um dia falava com uma amiga, ela dizia-se um pouco perdida no que consistia ao que gostava de fazer. Tinha perdido o gosto por inúmeras coisas que apreciava no passado, nunca chegou a entender o porquê de ter perdido esse gosto. Após uma longa conversa, entendi que tudo o que ela me dizia não se traduzia no ter perdido o gosto, mas sim, lhe terem "cortado as asas". Cada vez que ela tinha um sonho ou uma ideia, tudo em volta dela lhe fazia desistir da concretização desse objetivo. Ora porque lhe diziam ser impossível de realizar, ou porque via as restantes pessoas procederem de determinada forma e sentia-se mal em ser quem era e gostar do que gostava - com o tempo abafou-se.

Não pude deixar de lhe questionar o porquê de ter deixado de seguir o que gostava de fazer. A tão esperada palavra surgiu - medo. Já estava à espera daquela resposta, algo tocou em mim, lembrei-me como é normal quando seguimos e fazemos o que gostamos a sociedade cobra-nos o típico "como ousas?". Essa minha amiga era uma pessoa fenomenal, cheia de ideias, sonhos e mesmo adulta nunca tinha deixado de sonhar, contudo, agora sentia-se abafada, presa, exatamente por querer encaixar nos típicos padrões comportamentais quando no fundo isso ia contra a sua própria natureza.

Outro aspeto importante que devemos ter em conta é quando observamos que um determinado ambiente ou situação nos causa um estímulo negativo, provavelmente o melhor será ter consciência dos sentimentos e agir no sentido de alterá-lo - reconhecer o estímulo negativo é querer ver-se livre dele. Outras vezes, temos a outra situação que são os estímulos positivos, por vezes, um estímulo positivo para uma pessoa pode não querer significar que é positivo para outra e teremos que ter ainda em conta que um estímulo positivo para pessoas que se cobram demais podem não ser vistas como estímulos positivos.


De acordo com estudos que tenho feito existem vários tipos de pessoas e organizam-se em categorias de acordo como lidam com as suas próprias emoções.

Aceitantes - São conscientes do que sentem e têm tendência para aceitar os seus estados de espírito e nada fazer para os modificar. Por norma existem aqueles que são bem-dispostos que não sentem necessidade de alterar e os que caem facilmente em estados de espírito negativos, normalmente, não fazendo nada para os contrariar (este seria um tipo de padrão das pessoas que entram em depressão.)

Autoconscientes - Conseguem analisar com clareza as suas emoções, e sabem delinear os seus traços de personalidade seguros dos seus próprios limites. Normalmente encaram a vida de forma positiva e quando caem num estado de espírito mais negativo não ficam obcecadas e tendem a modificá-lo facilmente.

Imersas - São demasiado ligados às emoções e são incapazes de lhes escapar, são elas que assumem o comando das suas vidas. Por norma são pessoas instáveis e que não conseguem definir muito bem os seus próprios sentimentos. Não têm controle sobre a sua vida emocional, sentem-se frequentemente submersas e emocionalmente descontroladas.


Conhecer a nós próprios é algo fundamental, é um despertar para não ser arrastado por uma vaga de sensações. Esta frase tão conhecida de Sócrates "Conhece-te a ti próprio" é uma das bases para uma observação cuidada de nós próprios, de como agimos, o que fazemos e como vemos as nossas próprias emoções - ter consciência dos nossos sentimentos no momento em que eles ocorrem e saber/querer, ou não, agir conforme a nossa natureza ou racionalizar um pouco mais. É ser observador de tudo o que passa pela consciência, ser testemunha, mas não interveniente. Este tipo de observação é também usado nas técnicas de meditação.

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