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Foto do escritorIrina Marques

Da ginástica rítmica às animações culturais

Atualizado: 16 de nov. de 2022

Estive muitos anos sem haver este contacto com a dança e suas expressividades até que a determinada altura da minha vida conheci algo que despertou em mim algo adormecido à muito tempo - os poi. Confesso que na altura não associei porque gostava tanto daqueles instrumentos para expressão hoje em dia sei que foi da minha introdução à ginástica rítmica que me despertou esta paixão.

Escondida das multidões, eu e mais alguns amigos treinamos técnicas de malabares e falhamos, magoamo-nos, mas com o tempo e experiência os resultados começaram a aparecer. Aliava música e dança do ventre e outras danças aquelas fitas que em ambas as mãos produziam um ritmo em que se cruzavam, entrelaçavam e formavam círculos coloridos. Com o tempo cheguei a adquirir uns poi de fogo e o efeito era belíssimo, à noite, os círculos e o rastilho deixados por estes formavam formas elegantes e hipnóticas criavamos ilusões, eu brincava com o fogo.

Claro está que as demonstrações só apareciam nas férias, aí o ambiente era outro, diferente da cidade onde morava. Em Braga, qualquer tipo de demonstração cultural era visto como algo marginal e não artístico, e essa mentalidade ainda acompanhou a sociedade durante muitos anos. Agora já aparenta mudar um pouco, mas na altura era mal visto.

Era na ilha de Tavira, no Algarve, local onde eu passava as minhas férias que eu me sentia à vontade para fazer estas danças com os poi. Ao som de batuques, guitarras ou um outro instrumento soltava todo o ritmo que o meu corpo continha e os treinamentos feitos expressavam-se de forma única. Lá sentia-me à vontade entre amigos e pessoas que apreciavam aquele espetáculo que proporcionávamos e nunca pedimos dinheiro, apenas o fazíamos por puro prazer e para expressarmos a musicalidade que havia dentro de nós.

Agora existe um nome para o que eu fazia na altura juntamente com um grupo amigo, animações culturais, era uma arte circense, na altura vista de lado e criticada como pessoas delinquentes.

Engraçado que se estamos num palco de teatro com fitas e danças somos artistas, mas se estamos na rua a fazer exatamente o mesmo somos marginais. O bom é que hoje em dia já se começa a observar um pouco mais quem se dedica às artes (seja ela qual for) como alguém que dedica com afinco a sua vida aquele trabalho, este tipo de mentalidade deveria mudar um pouco mais.


Irina Marques

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