Tenho dois períodos no ano onde afincadamente penso nas minhas "metas" (na falta de melhor palavra), escolhas de vida, traço projetos, penso em balanços, etc... Mais do que o normal do dia a dia, numa cabeça que não pára e se move à velocidade da luz. Mas há dois dias que me marcam profundamente no que respeita à vida e planos, esses são: o meu aniversário e o ano novo. Falemos do Ano Novo, porque obviamente, não é o meu aniversário e é o período em que nos encontramos.
É como se uma folha em branco se desvendasse perante mim, tudo a limpo, tudo novo, tudo repetidamente iniciado. Assim como todos os dias de manhã em que a minha cabeça faz reset, o ano novo representa a expectativa juntamente com o largar o ano anterior.
Sou pessoa de agendas (daquelas de papel em que escrevo e marco tudo o que tenho que fazer), sou pessoa de bloco de notas, onde aponto todos os meus turbilhões de ideias e escritas (e de lá não saem), e ainda sou pessoa de cadernos de desenhos, onde risco e rabisco coisas que vejo, que imagino e que deliro (e não mostro a ninguém senão chamar-me-iam louca (e deixa ser)). Se me querem ver feliz é dar-me um caderninho e seja de que formato que for, fico a imaginar ali um mundo de possibilidades de coisas que vou fazer - caderno de desenho é o meu mundo.
No final de cada ano, tendo a olhar para todas as minhas "metas", ou pontos definidos e vejo sempre que idealizei muito mais do que consegui concretizar. Isto passa-se no meu dia a dia também, faço planos para uma semana e consigo os concluir todos num só dia, outras vezes, duram semanas e semanas e semanas... anos.
Quando tenho algo para fazer prefiro fazer logo de repente, porque sei que a minha motivação se perde, aquele entusiasmo da maravilha rapidamente se substitui por outra coisa qualquer - daí tentar, enquanto motivada, fazer tudo o que posso. E depois esqueço, ah, como sou esquecida, condição que me acompanha desde os x anos. Daí, ter tendência a escrever, para registar, para me lembrar, para reviver, para modificar...
O ano de 2022 foi um ano positivo, com um terminar triste, perdi uma "mãe" e essa perca é insubstituível, a dor acompanha-me, tento-me lembrar dos momentos de felicidade com ela, para o dia a dia ser mais suportável. Mas, ele não foi apenas coisas más, ou tristes, tive encontros, conhecimentos, participações, convívios que me fizeram muito bem. E não vou voltar a repetir o que já escrevi em entradas anteriores (de blogue ou espaços de escrita).
É claro que já enchi a minha agenda com ideias mirabolantes sobre o que quero fazer neste próximo ano e, se metade se concretizarem, já fico muito feliz. Tenho tendência para pensar ou imaginar coisas aparentemente impossíveis (facto verificado no decorrer de anos e anos, sem tendência a mudar). Está tudo bem, é como sou. Pensamento encadeia pensamento, que faz pesquisar e analisar, compreender e me aborrecer, pensar em todos os pontos de vista e entendimentos - cabeça bem confusa a minha, tenho consciência disso - mas a partir do momento que se faz as pazes com essa componente, as coisas são um pouco mais calmas. A cabeça de uma pessoa criativa não é fácil, enfrentamos constantemente o nosso interior, e quanta "tralha" está lá condensada, retiramos camadas e camadas, procedemos à sua compreensão, por vezes entramos em guerras internas, desespero, frustração e temos um pouco de gratificação quando pensamentos que resolvemos qualquer "tralha" que lá estava, até descobrirmos outra "tralha"... Mas aos poucos, à medida que nos estudamos e compreendemos temos também a noção de como outras pessoas são, não por comparação, mas por observamos vivências e pensarmos o que aquela pessoa sentiria perante determinados eventos. É obvio que não sentimos todos as coisas da mesma forma, espelhamo-nos muito nos outros, é inevitável, mas temos denominadores comuns.
(E lá estou eu a começar a sentir que estou a escrever demais e a minha mente a fugir ao tema do post de hoje, são as minhas derivações constantes, nuances.)
Com tudo isto o que quero dizer é, farei novos planos e projectos para este ano novo. Alguns, passados, reformularei e vamos ver onde eles irão dar. Tenho a sensação de estar constantemente a escrever, pintar, começar determinadas atividades e deixar sempre algo a meio, mas no fundo, essas coisas são apenas minhas, não serão expostas nem mostradas e apenas me sinto livre para criar, lá escrevo o que me der na cabeça, sem sentido ou com sentido (dentro da minha cabeça tem, expressado, já não possui compreensão). Sabem aquele sentimento de quando verbalizado as pessoas olham para nós acenam com a cabeça, colocam um sorriso mas ficam com a sensação de não vos estarem a ouvir? É, eu passo por essas situações com alguma frequência, digamos que prefiro escrever a falar. Até porque pouco gosto de falar de mim ás outras pessoas, sinto sempre que estou a chateá-las, prefiro ouvir do que falar.
As minhas escritas em cadernos, são completamente diferentes do que aqui está escrito, considero este espaço escrita como um diário de bordo, em que anoto e falo da minha pequena embarcação, os textos escritos fora daqui são mais... "divagantes" (novamente na falta de melhor termo). É onde brinco com as palavras, brinco com os traços, brinco com as fotografias, é como, criar magia sem nunca ninguém a ver.
(Lá estou eu a divagar de novo...)
Creio que é desta que termino este "discurso" a dizer, ano novo, novos planos, folhas em branco, novos capítulos, novas pinturas, novo espaço infinito para a criação... E como é bom podermo-nos apaixonar constantemente pelo que estamos a fazer de coração. Desejo a todos os meus amigos, conhecidos e leitores uma boa jornada de entrada neste novo ano e que possamos continuar a nos acompanhar, ler, presenciar novos momentos na nossa vida. Porque muito da nossa vida é feita disso mesmo, partilhas. Este é o espaço em que me sinto bem a escrever, partilhar, com vocês tudo o que esta cabeça (estranha) faz.
(E desculpem novamente o roubo de tempo... eu a escrever sou sempre uma pessoa de exageros, tentarei ser mais breve neste ano que segue até porque a nossa atenção encontra-se cada vez mais reduzida: atenção, tempo, dedicação, etc. Aqui, ao menos sinto, que dei um pouco de mim e de minha atenção.).
Comprimento a tua chegada 2023 e desejo umas boas entradas a todos os meus amigos, familiares e conhecidos. Até para o ano.
Irina Marques
"Rodeia-te do que te faz bem, assim também conseguirás fazer o mesmo às outras pessoas."
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