Dias
Tem dias,
que simplesmente
não apetece...
Não apetece sair,
não apetece ouvir,
não apetece sentir,
não apetece escrever,
não apetece estar...
Tem dias,
que o entusiasmo é tal
que dá vontade...
Vontade de criar,
vontade de focar,
vontade de falar,
vontade de presenciar,
vontade de viver...
Tem dias,
que nos são impostas tarefas
e como elas, nos fazem desmotivar
obrigatoriedade
faz não executar
nunca fui boa em formatações
tudo o que tenho para dizer, fazer
caí no esquecimento
vácuo.
Tem dias que nos sentimos inspirados
então vemos beleza em tudo
arte em qualquer lugar
mesmo no pior
vemos o bom
conjugamos ideias
presidimos aos nossos sentimentos
criamos
associamos.
Tem dias em que nos sentimos no fundo
de um poço bem escuro
e só queremos lá ficar
que nos deixem em paz
questionamos o que é essa paz
questionamos tudo
alheamo-nos
para viver
sossegados.
E destas oscilações vivênciais
nos entretantos, a vida passa a decorrer
a correr em determinadas situações
e lenta, lentamente noutras
articulamos os dias
estendemos o tempo
partilhamos o momento
e isolamo-nos de afazeres.
Gritos (I)
Eu grito para que o meu som de propague
eu grito e esse som emite
pelas montanhas, pelos vales e oceanos
eu grito.
Eu grito para os meus gritos se soltarem
abafados pelas gentes e multidão
onde ninguém ouve a movimentação
eu grito.
Eu grito para me libertar
o som ganhar asas e voar
e assim não vou parar
de gritar.
Gritos (II)
Eu grito para que o meu som se propague
e esse som seja expressivo
grotesco como uma provocação.
Que sensação!
Passando à gratificação
de uma prospeção sentimental
sem sentido de qualquer agradecimento
sem propósito, ou algo mais...
Porque pela minha garganta
sinto a sonoridade e só,
só isso, esse sussurro
em tom de graça.
Poesia inspirada em conhecimento adquirido no Laboratório de Expressão Poética, em que tento por em pratica, alguns métodos novos, aprendidos. Saindo da zona de conforto, porque a aprendizagem passa por isso. Agradeço à Marta Moreira pelas aulas e partilha de conhecimento.
Irina Marques
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