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Foto do escritorIrina Marques

Divagações

Todos os dias acordo com várias temáticas na cabeça. Pensamentos avulsos que aterram e descolam na minha mente. Os que aterram por momentos são, por vezes, aqueles que escrevo por aqui. Todos os posts são escritos num ápice de inspiração matinal, na hora, nada pré-concebido ou feito num outro dia qualquer. O que têm acontecido um frequência é andar a procrastinar - preciso de férias para as coisas voltarem ao "normal".

Ultimamente, e porque se aproxima a altura a que vou viajar, os pensamentos prendem-se com frequência à viagem, destino e lugares semelhantes onde estive.

Hoje questionei-me: como artista plástica o que me fascina tanto quanto o local que vou?

Eu já estive em Marrocos, eu já "provei" um pouco da cultura, das gentes, da arquitectura, da arte que tanto me encanta. Estudei, na altura da faculdade, muito da arte islâmica e a sua influência em Portugal - Portugal também tem um pouco destes vestígios tardios que datam do século VIII e IX, encontram-se mais presentes no sul do país. Ainda temos palavras que pertencem a esta cultura (o caso de palavras começadas por al), monumentos com seus traçados, arcos em ferradura e os famosos azulejos, embora também com influência holandesa. São

inúmeros os vestígios por toda a parte da presença moura, que assim como os celtas, visigodos, romanos.


Engraçado como nos meus genes, o fascínio que tenho por estas culturas se manifesta imenso, é algo inconsciente e muito profundo.


Em Marrocos o sentido geométrico muito presente na arquitectura e arte é algo, que de uma forma ou outra, já foi característica marcante na minha arte. Durante anos, criei mandalas e obras em que a geometria estava muito presente: era a minha forma de “domar” o meu caos interno. Nas obras a harmonia e linhas transformaram-nas em padrões repetidos, cá dentro o processo era exatamente esse, repetir as mesmas formas até elas se tornarem metódicas e produtivas. As mandalas e sua elaboração ajudaram-me num período em que tudo me parecia confuso e sem sentido - repetindo os padrões automaticamente ajudaram-me inconscientemente a tornar-me uma pessoa mais tolerante e com rotinas.


Porque é que falo de mandalas e de padrões marroquinos? Exatamente por estar presente a geometria. Não que ambos se liguem diretamente, mas o tipo de padronagem e repetição é deveras semelhante.


Agora falemos das cores… A primeira vez que sobrevoei o continente Africano fiquei maravilhada com a perspectiva que se tinha do avião - a terra era amarela. O predomínio desta coloração encantou-me. Ao sair do avião, um choque térmico, um calor arrebatador daqueles que quase tiravam o ar. Não estava à espera de tal temperatura, sabia que era bastante mais quente mas era um calor seco, completamente diferente do tipo de calor que existe em Portugal. Estávamos perto do deserto, era uma realidade que ainda não tinha sentido na pele.


Numa das visitas pela medina de Oujda tive o prazer as cores, pessoas, lojas, um universo à parte - totalmente diferente de outras medinas que já havia visitado na Turquia e na Tunísia. Ali, parecia que o tempo havia parado! E como em todos estes países que visito, algo que não se pareceu incomodar com a minha presença ficou-me a observar.



Tenho tido inúmeros episódios com estes meus amigos, inclusive na Tunísia, quando estávamos a embarcar de volta para Portugal um queria vir conosco. E ainda tive ali um vai que não vai, de o trazer.



Mas este episódio de amigos de quatro patas de outros países, davam um novo post, aquele que um dia ainda irá ser escrito (se acordar e essa ideia aterrar na minha mente).


E é assim, como artista plástica, tudo me fascina, tudo me encanta, tudo me surpreende. Tenho um gosto enorme por tudo o que é diferente, cada detalhe e pormenor.


Irina Marques

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