Republicação, criado a 02.08.2020
Já esqueci, fácil
qual foi a parte que conheceste
sou uma de muitas e tendo a esquecer
facilmente…
Sou poema nascida
de palavras que voam
em ventos atemporais
que rimam ou não
e se torcem e contorcem
como os contorcionistas
num palco onde os olhares
captam a emoção,
e eu só vivo de sensação.
Sou artista de cerne
brotam de mim todas as cores
composições ou estratificações
construções ilusórias
que contam memórias
sentimentais e um pouco mais
consegues ver na pintura
a minha essência?
No entanto foi ausência
e uma dose de paciência
para uma tão demorada construção.
Sou atriz, no palco da vida
e isto pouco diz
porque, não seremos todos?
Todos os dias vejo e sou
algo que nunca tinha visto ou sido anteriormente
como que se uma criança
à descoberta de um novo universo
de sentires, inocente a cada gesto.
Vejo o mundo como que pela primeira vez
eterna novidade
e descubro a cada passo.
Sou música e compositora
da minha própria orquestra
que pulsa e salta cá dentro
de tempestades e calmarias
que se traduzem em notas,
será que notas?
E sou silêncio entre acordes
silêncio…
Porque silêncio
ele nunca é absoluto.
Sou questionadora por natureza
mas às vezes, limito-me a ver e não pensar
prefiro não compreender
assim afasto-me de estar de acordo
mergulho no mundo de incertezas
e vejo outras belezas
aos olhos de quem ainda não tinha visto
e assim me visto da natureza que sou
como me incomoda pensar...
discernir...
E de tempos a tempos
troco o passo
porque me canso de seguir
sempre os mesmos pressupostos
facilmente...
Sou uma
sou muitas
facilmente me confundo
entre a multidão.
Irina Marques
Texto ao abrigo da lei de copyright
®Todos os direitos reservados
Comments