Tocamos as mesmas notas
em acordes diversos, dispersos
sem entender o porquê
longe de olhares
em batimentos interiores
compomo-nos de felicidades e dores
passagem temporal
num manifesto atemporal
criamos todas as cores
às quais atribuímos sabores
ora doces, ora amargos
num pequeno brinde de vida
e quem sabe, um dia possamos a saborear
deixemos de questionar
do certo é sabido
que no estreito dos dias
podemos criar magias ou naufragar ao luar.
Aprendi a não viver de amarguras
apenas a sentir
toda a vida que me rodeia
interessante
e muito se encadeia ao meu olhar
nos caminhos que a vida nos oferece
deixei-me levar por aqueles que opto
e sei que vão ficar, ou não
mesmo que por vezes seja apenas ao olhar
porque neste reside o sentir
porque nele deixo-me permitir
porque lá sou eu
num breve encontro com o teu
nossos desassossegos
teimamos em cobrir
a nossa agitação
com silêncios
interessantes
que falam mais que todas as palavras
que possamos prenunciar
pois o meu tempo segue
e eu não o sigo,
ele segreda-me que anda devagar
e assim passeio pelos meus desertos imaginativos
labirintos onde o inconsciente se torna consciente
ou quiçá, vice-versa
nesta linha ténue
de um mundo que clama por clareza
e à distância observo
reflexos perdidos
como eu
que clamam ter lugar
e não sabem onde.
E como já dizia o poeta:
"Tudo me interessa e nada me prende!"
Irina Marques
Texto ao abrigo da lei de copyright
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