Ainda sem saber muito bem onde a road trip nos levava, e porque não queriamos visitar grandes cidades, optamos por seguir as estradas junto à costa. Existe alguma tranquilidade quando seguimos o mar, sendo de um país que quase todo ele é banhado por oceano, transmite algo de familiar e tranquilizador.
Seguimos a bússola do instinto e após uma ou outra pesquisa fomos visitar a Playa do Cristales, um pequeno areal situado na vila de Laxe. Obviamente que a expectativa do que iria ver era muito baixa porque, hoje em dia, tudo serve de ponto turístico e nem sempre, conforme já referi, aquilo que esperamos ver corresponde à expectativa.
Confesso que foi surpreendente, e ao ver aquele pequeno (muito pequeno) areal multicolorido, uma teoria formou-se - aquilo só podia ser vidro que tomou aquela forma com a erosão do tempo. Uma pequena pesquisa e voilá...
"A sua denominação deve-se a que antigamente se utilizava o areal como aterro de objectos de vidro (garrafas, vasos etc). As correntes marinhas fazem com que a erosão vai formando pequenos pedaços de vidro que parecem areias multicoloridas."
Seguimos caminho junto à costa e a paragem seguinte foi em Finisterra, também conhecido como o fim do mundo. Sempre quis visitar esta localidade, especialmente após ter feito o caminho de Santiago. Muitos acreditam que este foi o verdadeiro fim do caminho de Santiago. Quando se chega a Santiago de Compostela existem muitos peregrinos que fazem este percurso, mais 100kms em direcção ao oceano atlântico.
Muito perto de Finisterra existe uma outra zona de interesse - a cascata de Ezáro. Situa-se na encosta norte do Monte Pindo, uma queda de água de 80m de altura, onde o rio Xallas se une com o mar. Uma curiosidade interessante é que se trata da única cascata europeia de deságua directamente no mar.
Com um local à sombra para descansar, ficamos a apreciar durante um lingo período esta maravilha da natureza.
Continuamos a seguir a costa, que também é conhecida por um outro nome - a costa da morte. Isto porque no final do século XIX, esta, foi uma zona de naufrágios. Os povos desta região ainda recriam suas festas em volta nas crenças de lendas e bravura. O número de naufrágios deve-se ao recorte das escarpas e praias desta região, são selvagens e agrestes - a beleza da natureza na sua plenitude.
Algo muito belo que se pode ir observado é nas pequenas praias que aparecem pontualmente no meio das rochas, a tonalidade lindíssima do mar, um azul turquesa que só dá vontade de mergulhar.
O nosso descanso foi na pequena zona portuária de Goyanes, que nos proporcionou um belíssimo pôr de sol sobre a marina e um jantar maravilhoso de marisco que tanto se come nesta região. Passamos também umas situações bem caricatas com as gaivotas que habitam esta zona.
Este foi um dia em que não ter feito os trabalhos de casa, de certa forma, compensou. Fomos surpreendidos por tudo o que visitamos e tivemos o mar, com suas histórias, sempre como companhia.
Road trip
Irina Marques
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