Quando refiro que tenho idealizações mas que conheço duras realidades, tem a ver com o meu levantamento sobre a viagem. Se me perguntarem como acho e creio que vai ser a minha ida ao deserto, penso maioritariamente numa expedição. Expedição, essa talvez seja a palavra mais adequada para descrever esta jornada.
Sei que será um processo “penoso” que vai envolver muitas horas num mini autocarro, poucas paragens, pouco café (algo essencial para o meu funcionamento cerebral), demasiado calor, pouca explicação dos lugares que vamos visitar, uma jornada em cima de um dromedário durante uma hora, provavelmente pessoas a ressonar ao lado da minha tenda no deserto, comer mal… enfim, um sonho de expedição! Mas já estou preparada para este desconforto, imagino as coisas até bem piores.
O outro dia, um amigo dizia-me “Porque vais fazer isso? Isso parece demasiado doloroso, tens a certeza que ainda queres ir?”. E a minha resposta será sempre a mesma: claro que quero!
Gosto de ir à descoberta, aventura e mesmo que as coisas corram mal, como já aconteceu algumas vezes - tenho sempre a minha experiência para contar, ou mesmo, a recordar.
Quero ver um vasto areal onde a ondulação se perde de vista, quero sentir o calor exagerado do deserto assim como o seu frio nocturno, quero ver as paisagens que se vão alterar desde Marraquexe até ao deserto, quero experimentar comidas e sabores, quero falar (ou pelo menos tentar) com os povos que habitam as terras, quero conhecer alguns dos seus costumes (porque sempre se aprende algo mesmo que a língua não seja a mesma), quero estar à noite em volta de uma fogueira a ouvir música berber… Quero fazer coisas que me são possíveis fazer! Experimentar tudo!
Se há coisas que não vou gostar, com certeza, mas se assim não fosse, ficaria em casa ou por Marraquexe e não ia à aventura. Quero perder e encontrar-me, especialmente e, acima de tudo, me inspirar. Navegar pelos meus labirintos. Sei que vou escrever muito, até demais (provavelmente não tanto para o blogue, mas sim, anotações em cadernos com pequenos desenhos como é usual fazer quando vou de férias). E quando chegar a casa após as férias virei carregada de cores e colorações (por sinal com um ou outro escaldão devido à falta de sol que tenho passado neste Verão), sou encantada por tons vibrantes e ténues e porei todo esse inspirar em várias obras. Mas não farei grandes prognósticos, até porque, o processo poderá não decorrer desta forma e estou para aqui a construir castelos.
Posso dizer que já entrei de férias, já arrumei as minhas tintas e pincéis, já guardei os meus cadernos de desenhos. Agora é aguardar, e ver se os ares do deserto me venham inspirar porque às vezes, nem para a escrita, algo que por norma é tão fluído em mim, os assuntos aparecem.
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