top of page
Foto do escritorIrina Marques

Pelo 2022

Aproximamo-nos do final de mais um ano e, como é costume, fazemos uma retrospectiva de como ele correu, quais foram os pontos fortes e os fracos que passamos, a nível familiar, profissional e social.


Este ano tenho que agradecer, todos os anos tenho, mas este, foi sem dúvida um ano importante para mim. Confesso que tive um pouco de receio em voltar para Braga, para a cidade onde vivi durante tantos anos da minha vida. Mas tudo se modificou enquanto estive fora, bem, algumas coisas mantiveram-se mas outras modificaram-se. Creio que a maior modificação se prendeu ao facto da forma como via/vejo as coisas.


Um ano em que completei 40 anos e sinto-me a meio, sempre no meio termo. Um ano em que conheci pessoas maravilhosas que me fizeram crescer, ver a vida de outras formas, pessoas que me aceitam como eu sou (um ser humano com suas falhas e com suas coisas boas).


Um ano marcado por uma viagem ao interior, demasiado profunda, de reconhecimento, os Caminhos de Santiago revelaram sentimentos e conhecimentos de mim, foi deveras inspirador. Fez-me alterar muita coisa em mim, conhecer alguns recantos que desconhecia ou estavam adormecidos e fazer as pazes com eles.


E este ano também foi um ano propicio a trilhos e descobertas de novas lagoas na Serra do Gerês (é bom estar tão perto de um lugar tão belo). Percorri lugares lindíssimos onde o contacto com a natureza trouxe-me paz e serenidade.


Uma outra viagem aconteceu, essa já mais voltada para o exterior, uma road trip por Espanha, onde tive o prazer de conhecer mais um pouco da cultura espanhola que me surpreendeu pela positiva. Esta foi uma viagem ao desconhecido, a anterior também, mas foi algo de surpreendente. Uma saída sem planos, sem marcações apenas em espírito de aventura. Nesse mês os nossos vizinhos celebravam inúmeras festas em Salamanca (onde tive o prazer de ver ao vivo o Álvaro de Luna (que não conhecia muito bem e, embora não seja o meu tipo de música, deu pra divertir um pouco)) e onde participei numa festa, numa localidade bem pequena mas muito divertida em Puebla de Sanabria, deveras curiosa, em que soltavam um "touro" com fogo de artifício contra os participantes. Ora bem, isto contado assim é um pouco estranho, mas foi muito divertido (mesmo com o tombo).


Algo que percebi em mim, das variadíssimas coisas é que preciso do meu espaço para criar, pintar, escrever e viajar internamente e externamente. Esse espaço tem que ter determinadas condições, que apenas consigo perceber quais são no decorrer da criação, a pintura não requer as mesmas condições que a escrita - faço ambos com suas características próprias. Preciso de estudos, foco e determinação. Um espaço próprio, característico com as condições que necessito.


Finalmente, regressei ao meu violino. Sim, este meu amigo com cerca de 200 anos voltou a fazer parte de mim, e aos poucos estou a resgatar, acolher e agregar sentimentos que se encontravam adormecidos. E tem os seus dias maus... mas agora, já consigo os identificar e tentar amenizar. As recordações que a ele se prendem são tristes, mas aos poucos tento atribuir um novo significado, com carinho. Tenho-as alterado no sentido de aprendizagem e o que posso contribuir para outras pessoas que passam pelo mesmo e como podemos dialogar.


Este ano participei em alguns eventos que decorreram na cidade e tive o prazer de conhecer artistas (de todas as áreas) e artesãos muito criativos e talentosos. Um grupo formidável que move e faz acontecer, agita a cidade. Tem sido bom conhecer aos poucos estas pessoas, logo eu que não me sinto à vontade em comunidades, esta, tem-me recebido e acolhido muito bem. É bom esta troca de ideias entre poetas, músicos, actores, escritores, pintores... Faz-nos crescer, agregar, mover.


Sei que tenho um feitio dificílimo, esqueço-me das coisas facilmente, não estou quieta em lado nenhum (só se estiver a criar), quando me encontro em grupos com mais de três pessoas só penso em sair dali o mais depressa possível e, por vezes acontece, nem me chegar a despedir - porque não quero atenções sobre mim, as pessoas estão na vida delas e eu não quero atrapalhar. Algumas situações em mim, as quais começo a ter consciência, tento-as modificar. E nem sempre é fácil, são lutas diárias, alterações de formas de pensar e estar. Para mim sempre foi mais fácil escrever do que falar, tenho tentado falar mais um bocadinho...


Estes foram alguns dos meus crescimentos pessoais.


No caso do crescimento profissional... aqui as questões são outras. Este ano foi um ano propício à criação estive muito inspirada - com acontecimentos diversos da vida, com locais, situações e pessoas. Sinto que aos poucos o meu olhar sobre o ser humano se modifica, os comportamentos humanos fascinam-me, as emoções, a vida de cada pessoa (tão própria embora com aspectos tão comuns uns aos outros - aspectos que se tocam e divergem na procura das mesmas coisas).


Quando amamos o que fazemos, no meu caso profissionalmente, raramente chamamos de trabalho. Isto pode ser bom ou não ser. No meu caso, gosto de oferecer tudo e por vezes esqueço-me que este é o meu trabalho. Estive horas e horas a estudar, investi em materiais, tempo, dedicação e por vezes, ainda me custa a valorizar. Creio que todo o ser humano deve poder usufruir da arte, ela deveria ser acessível a todos... mas isto são temas para outras escritas.


Como já escrevi um texto enorme e sei que a nossa atenção encontra-se cada vez mais curta e nem todos irão ler as minhas divagações até aqui, resta-me dizer que este ano foi muito positivo para mim, em todos os aspectos! E tenho que agradecer profundamente a quem me acompanha, sempre, a minha família, amigos e conhecidos.


Ainda deverei escrever mais alguma coisa até ao próximo ano (porque sou assim, de repentes), mas a apreciação deste ano de 2022 está feita.


Agradeço a vós, que estão aí desse lado e acompanham este meu percurso na vida, pelas escritas e pela pintura. Alguns que me enviaram as vossa palavras de carinho foram muito bem recebidas, é bom sentir que estão desse lado e que o que crio e faço vos toca. E que tenham despendido um pouco da vossa atenção e tempo a ler e ver os meus trabalhos (que sei que nos dias de hoje é muito difícil com os nossos mil afazeres diários). Desejo-vos umas boas festas!

ความคิดเห็น


ปิดการแสดงความคิดเห็น
bottom of page