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Foto do escritorIrina Marques

Pensar I

Ontem deparei-me com a questão se haveria de continuar a escrever ou não, na minha cabeça faria sentido parar, creio que nunca pensei em ser escritora, continuo a não pensar em o ser contudo, gosto de escrever e sempre reservei um pouco do meu dia às escritas de pequenos pensamentos avulsos. Até 2018 não publicava na web, na altura criei um blogue onde desenvolvia um pouco os meus pensares, facto é que no decorrer dessa jornada, perdi-me um pouco do meu objetivo primordial. Tempo perdido? Não creio, talvez tenha sido uma experiência para entender outros caminhos e conseguir saber qual o propósito a seguir.

Sei que tenho poucas pessoas que me seguem e que me tive que isolar para conseguir pensar, raciocinar, mas não me importa se tenho muitos ou poucos seguidores, nunca foi intuito ser alguém de renome e referenciada. Quando comecei a escrever, apenas alguns membros da minha família e amigos liam o que eu postava, depois com o tempo comecei a ter seguidores, referências ao meu blogue, referencias nas redes sociais e o que era espontâneo perdeu-se. Espontaneidade foi algo que consegui novamente trazer para este espaço, mais isolado, onde os meus pensamentos se desenrolam sem obrigações e outras condicionantes. Acima de tudo a minha maior dedicação é à pintura, aqui reside a minha paixão, haverá imensos dias que não terei nada a escrever ou acrescentar.

Sempre gostei de escrever contos e histórias, algo que desde muito nova me acompanhou, fruto de recorrer à imaginação para poder me sentir acompanhada, pois cresci como filha única. Viajava pelos meus pensamentos, narrativas, invocava a imaginação e desde essa altura que esse habito não me largou - habitei nos meus pensamentos e histórias.

A determinada altura comecei a escrever e esse meu imaginário passou para a folha e papel primariamente nos desenhos. Não era uma exímia desenhista, claro que não, mas comecei desde muito cedo a fazer o que eu refiro a rabiscos. Ah... e desde aí não os larguei. As narrativas e historias criadas na minha cabeça começavam a tomar forma (mesmo que impercetíveis).

Quando comecei a escrever, registava o meu dia a dia, que ainda guardo nos meus diários, umas pequenas relíquias que conservo carinhosamente e não mostro a ninguém, lá constam todos os meus erros (da vida e ortográficos) e paixões, aventuras, sentimentos, uma panóplia de registos que me saturam ler hoje em dia.

Ontem pensava se valeria a pena partilhar o meu "conhecimento", talvez o que é conhecimento para mim não o é para qualquer outra pessoa será apenas mais uma história, um conto, uma situação um entretenimento. Contudo, creio que continuarei a registar as minhas aprendizagens, os meus processos, porque são eles que me compõem como ser humano e como artista (algo que me passaram a atribuir, embora seja sempre aspirante a artista). É o que escrevo aliado à pintura que dá um pouco de sentido ao que manifesto exteriormente.

É todo este mundo complexo de processos, estudos e vida que se traduzem nas minhas abstrações. O outro dia encontrei um colega de profissão, ele tinha pinturas incríveis de paisagens urbanas, rurais e naturais, e durante um período falamos sobre arte, discutimos um pouco sobre abstração. Ele não era um artista abstrato, contudo dizia que muito do que via não lhe tocava como abstração, concordei com ele pois para nós abstração é um processo muito complexo que envolve muito estudo e esses estudos estendem-se para lá das artes plásticas, é uma forma de pensar envolve um pensamento muito amplo e conhecimentos acerca de inúmeros assuntos, abstrato não é algo que seja concreto - é sujeito a interpretação, um dialogo, não é feito ao acaso é pensado mas assente em inúmeros assuntos. Já ele preferia representar um pouco mais a realidade, algo que as pessoas se identificassem, lugares e sítios.

Continuarei meus estudos no campo da abstração, continuarei as minhas escritas de contos, histórias, vivencias, poesias e tudo o que me vier à cabeça nos meus cadernos fora do espaço virtual. Reservo a este espaço, alguns de meus pensamentos e breves estudos, escrevo em primeira pessoa porque é algo natural em mim, é o decorrer do meu pensar fluido, é assim que falo, apesar de nos cursos de escrita criativa nos indicarem que as narrativas não devem de ser assim elaboradas - reservo estas escritas ao papel e caneta.

E talvez um dia, talvez estes textos aliados às minhas obras façam qualquer sentido. Entretanto continuarei os meus estudos e a escrita em primeira pessoa sobre os assuntos que pesquiso, investigo e estudo porque foi esta a minha formação, foi esta a minha escolha profissional que nunca teve errada, aliando a história à arte, falo da minha arte em primeira pessoa e o fundamento das minhas investigações sociais (no contexto dos dias de hoje em sociedade), culturais e experimentais. E não faço muita questão de andar a revisitar os meus escritos, pois eles, foram apenas registos de fases e situações que se passaram comigo no dia a dia, algo que não se pode mudar, o passado. Sigo em frente com o conhecimento adquirido dessas vivências e a agregar outras que possam vir.


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