"Aos poucos e com persistência, existem sempre, pequenos progressos... Um dia deixei-te, virei-te as costas, culpei-te, pus-te de parte. Mas tu, companheiro, fazes parte da minha vida sempre me trouxeste as mais belas sonoridades. E sim, teus agudos irritam-me e os teus graves, trazem-me a mais profunda tristeza. Mas quem seria eu sem o teu toque? "
O regresso a Braga trouxe-me algumas alegrias. Uma delas, foi uma comunidade maravilhosa em que me encontro onde ideias geram ideias. Nesta comunidade contacto com artistas que vão desde a atores, pintores, ilustradores, poetas, escritores, músicos, entre outros. Sempre me senti bem nestes universos de pessoas com uma amplitude de ideias. Sentamo-nos dentro de um espaço amplo e debatemos ideias, no final, cada um fecha sua porta e trabalha lá dentro.
Nestas incursões, conheci a minha professora/amiga que me trouxe novamente o gosto pela aprendizagem do violino. É claro que todo o progresso que tive anteriormente foi perdido, porque ao contrário de andar de bicicleta, que uma vez aprendido não se esquece, o violino, uma vez não tocado retrocedemos. E foi assim, que tive e tenho que aos poucos voltar a lembrar-me das notas, dos tons, da colocação dos dedos nas cordas, do seu toque...
É claro que logo que comecei as aulas, vinha com ideias fantásticas, iria tocar Andrew Lloyd Webber e o meu querido Fantasma da Ópera, iniciaria o meu percurso com a Music of the Night, algo que me mexe com todos os sentidos. Desde nova, muito nova, este musical foi uma referência na minha vida e muitas das minhas obras, são inspiradas nestas sonoridades (entre outras). Ainda não consigo tocar a Music of the Night, e já lá vão uns meses - é uma música muito expressiva e ainda não consigo dar-lhe esses pequenos toques.
Descendo um pouco à terra e tocando algo mais concretizável, passei para músicas folk, que foram um novidade para mim. Nunca havia tocado tal coisa, a minha formação antiga era sustentada em música clássica, este estilo, trouxe-me uma liberdade incrível e novos diálogos com o meu violino no repertório constam musicas como Scarborough Fair e a minha querida Skye Boat Song, esta ultima leva-me sempre aqueles místicos ambientes nórdicos tão fascinantes e, paisagens e não só...
Há pouco tempo, uma nova música foi adicionada a outras que toco, e esta, é um desafio para mim trata-se do Fantasma da Ópera, que reside em mim, no meu coração. Mas sei que quando vou buscar algum tipo de inspiração ou força, muito está aqui no seu significado. Sou artista, vivo com inúmeras inspirações (tantas que não seria possível enumerá-las a todas). Muitas sobrepõem-se, outras, foram passadas, outras, estão presentes e outras ainda devem estar algures no meu inconsciente e, de vez em quando, aparecem no meu consciente. O que me interessa, sempre, é ver além.
Irina Marques
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