E se eu dissesse que os meus quadros têm várias leituras e todas elas poderão estar correctas? Seria um pouco complicado entender o que o próprio artista queria com a obra, certo?
A obra quando se começa a elaborar segue um sentido, há uma ideia original, um fundamento, contudo, com o tempo esse fundamento começa a agregar novas sinopses, o que vai dentro da mente é uma constante procura de outros significados e ângulos. Estas ideias normalmente surgem por associação de novas experiências, leituras ou até mesmo por alguma divagação (in)consciente.
Não existe propriamente uma teoria para a abstração. Podemos definir o conceito, como se diz, isolá-lo e descrever, mas muito ficaria de fora. Achei interessante a definição dada pela Moderna Enciclopédia Universal, que refere vários conceitos para abstração, sendo um deles:
“Acto de ultrapassar o particular, singular e sensível a fim de obter o conceito universal. Se este é tomado como uma essência independente que se intui (> intuição da essência) eliminando o empiricamente contingente, falar-se-á da abstração para a formação de ideias ou ideação. Os conceitos abstratos ou universais só existem no pensamento; costumam-se contrapor aos conceitos concretos, que se referem ao real e individual.
Já para o conceito de abstracto:
“Irrepresentável, idealizado, antónimo de concreto, de real. Diz-se conhecimento abstracto aquele que prescinde das notas individuantes de um objecto para considerar sobretudo as suas características formais e imateriais; ciência abstracta é aquela que tem por objecto de investigação seres de razão com fundamento na realidade, prescindindo da sua existência real e das suas determinações sensíveis.”
Quanto à abstração na arte a definição cresce substancialmente, em tempos já escrevi um artigo sobre tal tema e não o vou escrever novamente, deixo o link e como nasceu este conceito que cada década e ano que passa cresce na sua amplitude:
Abstração não é o “apenas” do aquilo que é concretamente, é algo mais.
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