Passo a explicar porque me isolei das redes sociais e outros afins... Existe diversas razões mas sem dúvida um predomina - excesso de socialização. Em tempos já tive um blogue num espaço público (não que este não o seja) falo do Wordpress. E as minhas escritas sempre foram um pouco como registos diários de processos que passava e criações artísticas, sentimentos, aliada a uma confusão com poemas, desenhos, fotos e viagens entre muitas outras coisas.
O que aconteceu no Wordpress? Cada vez que criava algo havia gostos e comentários, e se nos primeiros tempos isso até lhe dava uma certa piada, com o tempo começou a tornar-se tedioso. Criavas um post e seguias pessoas, tinhas por obrigação comentar e por gostos, mesmo quando ás vezes as coisas abordadas não faziam muito o teu estilo.
O problema encontra-se quando o numero de seguidores cresce, cada pessoa lê o texto á sua maneira, cada pessoa interpreta á sua maneira, cada pessoa tece considerações sobre o que leu. E aqui, residiu um problema crucial que é - nem sempre o que tinha escrito correspondia ao que a pessoa assimilava, grande parte das vezes estava totalmente equivocada. Depois surgia a questão... ou concordava com a pessoa e o assunto morria não praia ou entravamos num espaço de debate de explicações - para o qual eu nunca tive muita paciência.
Com isto eu não estou a afirmar que seja uma pessoa intolerante ou que as pessoas não tenham o direito à sua opinião - sou totalmente de acordo. Mas aquela caixa de comentários tomava muito do meu tempo, tempo real que poderia estar a fazer outras coisas nomeadamente pintar. Ou trabalho e estudo, ou socializo - e por norma socializo com pessoas que me rodeio no dia a dia.
Estes são alguns dos problemas das redes sociais o roubo de tempo, o passarmos a vida distraída com situações que muitas vezes não levam a lugar nenhum.
Quando criei este espaço uma das minhas maiores preocupações foi retirar a secção de comentários e gostos. Assim dedico-me exclusivamente ao processo criativo e é como se fosse um espaço só meu. Não sou um texto perdido no meio de outros textos em que se aborda variadíssimos assuntos que vão desde: culinária, politica, filosofia, egos, máscaras, poesias, viagens... ora bem... o meu texto encontrava-se perdido entre todas estas temáticas. Para isso escolhi o recolhimento, se esse recolhimento trouxe consequências? Sim, obviamente que hoje em dia já ninguém ou muito pouca gente lê os meus textos. Mas, escreverei para ser lida? Discutível.
Eu acho que escrevo para ter um suporte base às minhas obras não propriamente com o intuito de ser escritora ou poeta, e sim, sei que publiquei um livro mas não sei, todo o universo em torno da literatura e escrita não é muito o meu caminho.
Sei que ninguém me lê, ao menos não entro em complicações com o meu cérebro de que há alguém a ler e copia ideias, distorce pensamentos, e outras questões bem mais chatas que acontecem. Hoje em dia tudo o que vejo em outros espaços de escrita (que já não frequento quase nenhum) são pura e simplesmente coincidências, frases que se repetem, coisas que todos nós nos lembramos de escrever porque os assuntos não são assim tão vastos, é tudo produto de um cérebro criativo que vê coisas onde elas não estão.
Outra situação que ocorria com alguma frequência era as pessoas contactarem-me por e-mail, e o mesmo se vai passando no Instagram - pessoas começam a falar comigo os mais diversos assuntos. Eu não sou muito de fazer conversa e estar constantemente nestas plataformas a socializar. Tive experiencias terríveis com contactos vindos do Wordpress e tenho experiencias pavorosas com contactos no Instagram (num deles até um cenário de piratas a roubarem uma pessoa que eu falava e ele a pedir-me ajuda... tantas histórias).
Com isto, concluo, internet é boa para muita coisa - inspiração e criatividade (nesta ultima também pode ser um obstáculo mas isso são outros temas) e é má para muitas outras coisas nomeadamente a parte da socialização que tem vindo a degradar-se. Mas como artista plástica não vivo muito destes meios alguns são pura e simplesmente novelas (coisa que nunca me fascinou - então quando me veem perguntar pelo vizinho de cima do andar que não existe...) outros, depois de muita e longa filtragem, podem ter algum interesse.
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