Este tipo de narrativa prende-se ao facto de quando temos uma crença sobre algo, vamos atrás de provas que provem essa crença e quando observamos essa prova, há uma certeza dessa narrativa e desta forma continuamos o ciclo. Quando nos deparamos com algo que não está de acordo com essa crença, descartamos, e o nosso cérebro tende a esquecer, após um pequeno período temporal. Temos tendência a filtrar aquilo que não se confirma com as nossas crenças.
Há uma tendência de interpretar novas informações de acordo com o que cremos compatível com as nossas narrativas, teorias e crenças. Esta tendência aparece de forma inconsciente e está sempre presente na nossa mente, quando racionalizado, porque o nosso cérebro crê ser desgastante aceitar novas situações.
É oposto ao método científico onde formamos uma hipótese ou levantamos uma questão, passamos por processos de coletar evidências e testar essa hipótese, porque este é o caminho mais difícil e pode-nos levar a verdades inconvenientes.
O que acontece com estas narrativas é filtrar tanto a informação que não conseguimos ver o lado oposto das informações recolhidas. Quando mais confirmamos os factos das nossas crenças mais pequena se torna a nossa perspectiva sobre o mundo - até essa pequena realidade ser tudo o que se consegue ver. Aqui reside a crença do “Eu estou sempre correcto”, ligado ao ego. Com este sistema de confirmações sentimos sempre que estamos certos, que não há refutação nos nossos pensamentos e quando expressamos as nossas opiniões tendemos a ficar defensivos e agressivos quando nos apresentam outros pontos de vista. Quando esta situação acontece é impossível duas situações opostas entrarem em conversações porque cada perspectiva apenas vê os factos através das suas lentes e crenças - criam-se câmaras de eco. Tudo o que é pensamento divergente e opiniões tendem a desaparecer. Quando as pessoas ouvem as mesmas coisas repetidamente durante um certo período de tempo elas tornam-se factos objetivos.
Não existe forma de acabar com a confirmação de crenças, apenas formas de reduzir o seu efeito. Se tivermos em conta que este tipo de narrativas existem e se o tempo permitir reflectir, tentar pensar de forma neutra. Essa zona neutra é onde largamos todos os juízos de valor e esperamos antes de julgar qualquer situação. Tentar ver além de uma narrativa que algum grupo possa contar. Adquirir informação de diversas fontes e evitar ser influenciado por outras crenças porque é essa a narrativa aos quais outros se prendem e levam-nos a pensar, que nos repetem inúmeras vezes e se prendem às suas verdades. Ter em conta, que as narrativas de confirmação, é uma perspectiva muito estreita da realidade, porque em maioria dos casos, os factos objetivos estão nas áreas neutras.
Irina Marques
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