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Foto do escritorIrina Marques

Entrevista a Irina Marques

Atualizado: 12 de jul. de 2023

No passado dia 21 de Maio foi feita uma entrevista para um projeto de curso da Escola Superior Artística do Porto realizado por Catarina Menezes, Margarida Sousa e Sara Coelho. Esta entrevista foi filmada dentro da Biblioteca Municipal de Barcelos, que generosamente nos cedeu o espaço para a realização deste trabalho. Agradeço muito ter sido a artista selecionada por estas maravilhosas colegas e artistas.


... na altura a minha terapeuta disse-me "Olha, não penses em trabalho, não penses no que é que tens que fazer, não penses em pensar, faz aquilo que gostas. Está só a fazer aquilo que gostas." E eu nessa altura foi a pintura, foi a pintura que surgiu. E pronto, soltei os gatos.


Eu sou a Irina Vanessa Pereira Marques, nasci em Lisboa e aos sete anos vim viver para Braga. Sou artista plástica de profissão embora também crie noutras artes, sou poeta e fotografa.


Seguiu o ensino superior?


O curso em que me formei foi História da Arte, embora o meu sonho foi sempre seguir pintura. História da Arte, porque sou uma curiosa a nível de técnicas de histórias, de sociedade de toda a envolvência das artes. Porque a arte é criada num período, num contexto.


Quando surgiu o gosto pela arte?


O gosto pela arte esteve sempre presente na minha vida. Na minha juventude frequentei grupos de teatro em Braga. Quando fui tirar o meu curso frequentei tanto grupos de teatro, fotografia e continuei com as minhas pinturas.


O que a inspira?


O que me inspira? Tudo. Tudo, não há nada que não me inspire. Talvez as desgraças que ocorrem no mundo não me inspiram lá muito. Eu tento-me inspirar a fazer montanhismo, frequentar a natureza, ir a museus, frequentar movimentos de poesia... Gosto de frequentar também outras áreas das artes com pessoas sensíveis, que possuem um olhar com uma perspetiva diferente sobre as coisas. Ás vezes estou a andar na rua e uma pequena coisinha, um pássaro, ouvir uma música inspira-me. A minha inspiração é muito vasta!


Quando é que entrou no mercado de trabalho?


Talvez tenha sido... Ora, há cinco anos que comecei, portanto para aí á três anos. Há três anos quando já tinha um portfólio para mostrar, uma data de trabalhos compilados. Comecei a entrar em mostras de arte, a mandar currículos para vários sítios e mercados de rua também, porque acho que são muito importantes para valorizar a nossa arte e para dar a conhecer o nosso trabalho.


Quais foram as maiores dificuldades? Ainda se mantêm?


Honestamente, as maiores dificuldades que tive... primeiro foram comigo. Porquê? Começo comigo, na minha perspectiva. Eu como segui História da Arte não me via "merecedora" de ser artista plástica, tendo em conta que a minha formação não foi de Belas Artes. A seguir, já é difícil produzir, é difícil querer expor. tentarmos expor em sítios, enviarmos o nosso portfólio e não obtermos respostas. Muitas vezes isto acontece. Ou as instituições já trabalham com outros artistas nem sequer dão oportunidade de novos artistas irem para o mercado de trabalho. Isso, foi das maiores dificuldades que eu tive. Porque realmente essa dificuldade ainda se passa muito.


Sente que o seu trabalho é valorizado pelo público?


Tenho aceitação muito positiva, por acaso. É engraçado, porque eu sou uma perfecionista e para mim o meu trabalho não são "trabalhos", às vezes são defeitos é um grave problema meu... Eu sei que tenho que melhorar isto, e sei que onde eu vejo defeitos não são os defeitos percepcionados pelo público. E para mim foi sempre uma surpresa, uma surpresa as pessoas dizerem-se "ah gosto tanto do teu trabalho é tão diversificado, é bonito, tem cor...". Para mim foi uma surpresa porque, lá está, a nossa própria mente boicota-nos um bocado a dizer "não, isto não está bom, isto não etc..." e de repente ouvimos o contrário é bom, é agradável e isso passa-se desde a pintura às minhas outras artes, ter sido assim tem sido agradável. Se há críticas negativas? As positivas compensam as negativas.


Acha que se estivesse noutro país teria uma maior valorização?


Ora bem, isso é uma pergunta um bocadinho complicada de responder, tendo em conta que cá em Portugal, realmente valoriza-se pouco a arte. Eu pelo menos tenho essa noção. Nos outros países estrangeiros valorizam muito mais a arte que o próprio público português. Como seria noutro lado? Não sei, não posso responder porque eu só tenho a experiência de Portugal e eu tento-me adaptar ao público e à população portuguesa e sei que há determinadas características na nossa sociedade e então tento-me ajustar um bocadinho. Se calhar, se estivesse no estrangeiro não faria mercados de arte, iria só para exposições.


Por que meio divulga a sua arte?


Sobretudo mercados e tenho uma página de internet, Instagram e Facebook e não passo disto.


Acha que a internet e redes sociais ajudam?


Na divulgação ajuda, no lucro não, mas por minha própria culpa porque não estou em nenhuma plataforma conhecida, não estou na Etsy ou essas plataformas assim mais conhecidas porque eu própria não quero por lá as minhas obras. Mas, se as plataformas ajudam? Ajudam, eu vou dizer que ajudam porque já conheci bastantes pessoas através das redes sociais e têm sido importantes.


Sentes necessidade de ter um segundo emprego?


Neste preciso momento não, mas não porque eu comecei nas artes muito tarde, comecei tinha 36 anos e até então, eu trabalhei nos mais diversos empregos possíveis e juntei algum dinheiro que agora me dá um bocadinho de... não é fôlego, mas que me permite trabalhar nas minhas artes.


Qual foi o melhor conselho que já recebeu?


Talvez este tenha sido o melhor conselho que me deram que foi "faz o que gostas". Temos que nos sentir felizes, sentir-se realizada. Fazer o que gosto é acima de tudo o nosso bem-estar e fazemos por gosto.


Que conselho darias a quem está a começar?


Não desistam, sigam os vossos sonhos. Vai ser difícil, vai ser muito difícil. Vão ouvir muitos "nãos" como em tudo na vida mas se não pararem de fazer, conseguem. É mesmo verdade, sejam persistentes, é uma área muito difícil, é uma área muito complicada mas não desistindo, não baixando os braços, chega-se lá. Como me disseram a mim "não desistam dos vossos sonhos", esse é o melhor conselho que se pode dar porque uma vida a seguir aquilo que a gente ama e gosta, nunca vê as "derrotas" como derrotas, vê como qualquer coisa que a gente tem que superar. Tentem sempre superar. E superar-se a vocês, não aos outros, é a vocês mesmos. Sejam competitivos com vocês.



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