O problema da estética, da beleza, um breve resumo.
Porque algo é belo para uns e para outros não?
Como a neurociência resolve este problema através de quatro premissas:
O cérebro é modular e repartido em vários pedaços - pode ser repartido e estudados independentemente, isso não significa que não haja processos que estão unificados em várias partes do cérebro e isso não é o que a consciência está a fazer. Módulos organizados de forma hierárquica - começo de níveis simples a ir para níveis mais complexos de processos. E são combinados com outras partes do cérebro que envolvem emoções e perceções, memória etc..
A estética, a premissa - passa pela ativação das diferentes partes do cérebro, existe uma forma de monitorização que ativa as diferentes partes do cérebro - o que maximiza a ativação de uma parte do cérebro não maximiza outras partes. Exemplo: o que ativa a parte do cérebro a dizer que é uma cara bonita, ativa a máxima do cérebro que representa caras. O que é ativado ao máximo representa beleza.
Uma das funções das artes visuais e, aqui referimos à pintura, são as que provocam estímulos e estimulação que seletivamente ativa vários módulos do cérebro - o trabalho do artista é encontrar ilustrações que originalmente não sejam terrivelmente seletivas mas no decurso da história da arte elas foram-se tornando mais e mais seletivos por ativar diferentes partes do cérebro.
No decorrer da história da arte, esta, segue uma trajetória inversa a esta monitorização do cérebro - vai contra a forma que o sistema sensorial está organizado - a ir do simples para o mais complexo. Os artistas começam com o que se encontra no centro do cérebro, provavelmente por ser as áreas a que temos mais acesso conscientemente e movem para zonas mais periféricas durante o decorrer da história. Cada vez caminhamos para um rumo em que ativamos mais as partes periféricas do sistema visual.
Vejamos alguns exemplos de artistas e ativação de determinadas partes do cérebro:
- As cavernas de Lascaux, em França, as primeiras pinturas que temos, são representativas, feitas há dezassete mil anos. Maioritariamente são imagens de animais que seriam muito importantes para as pessoas que viviam neste período do paleolítico. Ativação da amígdala, parte direita que corresponde às imagens de animais.
- Imagens de pessoas, o caso do Grito de Edvard Munch, que representa emoções fortes. O caso da Monalisa e como é intrigante para as pessoas devido ao seu sorriso - ao focar a boca o sorriso é diferente de quando focamos os olhos. Ao mover os olhos pela cara, temos uma diferentes perceções do sorriso dela e quais são as suas emoções.
- Como representar uma cena a três dimensões. Como ativar o hipocampo - O caso do quadro de Pierro della Francesca “Flagelação de Cristo", na renascença, com projeção de geometria e a perspetiva. O caso desta pintura não atinge apenas uma parte do cérebro mas sim o cérebro todo. Estímulo emocional por causa da cena; com a perspetiva dá o sentimento de a representação ser tridimensional.
- O caso de fotografias de locais e edifícios - no séc. XIX as imagens captaram o eterno acessível e tipo de imagem holístico. Pessoas como Claude Monet tentou captar apenas a impressão que se tem de uma única imagem. A cor modifica mediante imagens tiradas em diferentes períodos do dia com luzes diversas. Não conseguimos ver as formas de um edifício baseados na cor. Essas duas coisas são manipuladas separadamente no cérebro.
- Existe uma área para a forma e é diferente da área para a cor. Visto que são duas áreas distintas como as juntamos? Existe forma? Esta ideia foi algo presente no fauvismo e no início da carreira de Matisse. Como uma cor que vemos se associa a uma forma particular. A forma como exploraram foi a dar cores contrárias aos objetos familiares. Os fauvre pintavam objetos com cores que não eram naturais - ativa a complexidade no cérebro.
- A representação da cor direta através de Piet Mondrian, explora a forma como a cor é criada e como as cores se relacionam. O cérebro compara a área da cor e dá-lhe características particulares. Quem descobre o v4 e o relacionamento das células das cores é Sammy Zeki. Através dos estímulos.
- Outras situações que se começam a relacionar com os estímulos no mundo e a ver como se compõe a ordem - movimentação e como uma sucessão de imagens são percetíveis como um movimento contínuo e se retirarmos uma parte desse movimento contínuo - o caso de Newbridge e Jonathan Marray, no final do século XIX usa flashes estroboscópicos - consegue descrever a locomoção de alguém apenas pelos movimentos das luzes que usam, agora usa-se um pouco na psicologia. Foi a inspiração para Duchamp “Nude descending a staircase” - existem células que respondem especificamente a movimentos de humanos e animais. Se colocarmos luzes em alguém, as células vão responder à ideia muito abstracta de movimento e espaço.
- Quando se começa a dividir as coisas - caso de Umberto Boccioni “Dynamism of a Man’s Head” - começamos a entender que existem realmente áreas no cérebro que representam caras, mas como fazem isso? Holisticamente? Ter a cara toda e responder a isso? Ou apenas retirando pedaços da cara de uma pessoa - olhos, ou boca - consegue-se uma grande variedade de combinações de componentes - o caso do cubismo.
- Bridget Riley e o “Blaze” dá a noção de movimento, ativa as células do cérebro que dão movimento.
- Expressionistas Abstratos, quebram todo o hipocampo à configuração mais simples, o caso de Barnett Newman ou Rosco. Regressão aos estados iniciais do sistema visual.
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