Tens tanto para contar, inúmeras situações e cenários passam-te pela cabeça. Fizeste uma viagem que há muito almejavas fazer cheia de aventuras. No entanto, sempre que pensas no que vais relatar um acontecimento não te sai da cabeça - o sismo que presenciaste em Marraquexe. E sentes que estás traumatizada com o ocorrido.
Uma forma que tens para amenizar a situação, visto que não gostas de falar sobre ela, é escrever. Colocar no papel tudo o que passaste, sentiste, presenciaste naquela noite e nos dias que se seguiram. Acreditas que após relatares os acontecimentos o sentimento de medo e ansiedade fiquem mais apaziguados. Dor que se escreve.
Queres falar sobre as gentes, os costumes, as cores, os aromas, as paisagens, a cidade mas não consegues, aquele bloqueio está ali presente e latente. Pegas na folha e sabes que tens que começar por aqui para desanuviar a ferida e tentas começar a escrever algo coerente num acontecimento caótico. Pegas no teu caderno de anotações e tudo te parece uma bagunça porque não há forma ordeira de falar/escrever/relatar. Contudo tentas, e dás o primeiro passo para desabafar, colocas em frases porque sabes que tens que o fazer para conseguir usufruir da restante viagem, que por enquanto se encontra abafada por cismares com o sismo.
Houve uma vida antes e há uma vida depois - ganhei uma vida - isso é um facto!
Diário de Bordo
Irina Marques
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