Dos variadíssimos locais que gosto de frequentar em Braga, a Centésima Página é, sem dúvida, um dos meus locais preferidos. Para além de me encontrar rodeada de livros dos mais diversos temas, ela conjuga arte e uma pequena cafetaria no fundo.
Gosto de me sentar na esplanada e observar o que me rodeia, estou no coração da cidade, mas ali, as árvores, os galos, os pássaros, os cheiros das flores transportam-me para ambientes naturais. Para mim, ela é um tesouro onde consigo-me retirar, mas a qualquer momento estou a passos de estar rodeada de pessoas.
O percorrer deste espaço é como se me envolvesse em algo mágico desde a sua entrada - onde observo todos os livros físicos disponíveis para venda - é como, se me sentisse acolhida por todos aqueles escritores e escritoras que deixaram os seus registos de vida, vivências, experiências e pensamentos guardados ali à espera que desperte a curiosidade e os levamos para casa. Por vezes até chego a imaginar, quando se faz noite e o espaço encerra, eles a discutirem as suas ideias, um debate interessantíssimo.
Hoje em dia trocamos o papel pela tecnologia, e eu entendo o porquê. Contudo, não existe sentimento melhor que nos sentirmos acolhidos por um bom livro, sentir a textura das páginas, a capa que balança ou mesmo que rígida nos transmite algo, o cheiro, quer seja um livro mais antigo ou recente tem suas características e as palavras... onde me mergulho e por vezes me identifico com a essência do que se pretende falar.
Para mim, é isso, a essência. O saber e a intenção do que é transmitido, é a sensibilidade que nos traz empatia ao ler outro ser humano. Muitas das vezes identificamo-nos com determinados períodos e momentos, outras, nem tanto, mas compreendemos que é necessário se expressar.
Se percorrer a Centésima Página até ao fim, desaguo no local de exposições, um cantinho dedicado aos artistas plásticos, ilustradores e artesãos, há um pouco de tudo neste espaço - local ideal para uma boa inspiração. Adoro observar as cores e a temática das suas criações, a forma como abordam diversos assuntos, mergulho profundamente nos mais diversos temas tentando compreender como foi a solução que arranjaram para expor o seu âmago.
Pego no meu café e a nata na pequena cafetaria e desloco-me para a esplanada é aqui, após respirar toda esta inspiração sento-me a escrever ou por vezes a ler e sinto-me em paz. Oiço a natureza vejo as colorações das árvores a modificarem e inspiro.
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