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Foto do escritorIrina Marques

Frank Lloyd Wright, o arquitecto



Possui uma formação deste criança, um processo de aprendizagem e sensibilização para a arquitetura. A sua mãe sempre o incentivou a seguir esse caminho, é na infância que recebe os modelos Fribel (começa a ter noção do peso das peças, dimensões e cores). O seu pai era uma pessoa culta, era professor, com funções religiosas e um grande gosto por música, é com ele que Wright aprende os ritmos.

Estuda engenharia na Universidade de Wisconsin e, em 1887 vai para Chicago, onde passa a trabalhar na Adler & Aullivan até 1893, Sullivan proporcionava suporte financeiro e orientação, com ele constroem várias casas. Enquanto trabalhava no atelier de Sullivan, não impediu de desenhar outras casas em seu nome e usa a sua posição para encomendas privadas. Ao tomar conhecimento, Sullivan, dispensa-o do seu atelier. É desta forma que Wright começa a sua carreira sozinho, a sua formação arquitectónica vai sendo feita com base em experiências.

Nesta fase, toma contacto com duas tipologias de casas - Queen Anne Style e a Shingle Style, sendo a ultima uma evolução da primeira. A Queen Anne Style foi um estilo divulgado na Exposição de Filadélfia, possuía características próprias: janelas de sótão, torre octogonal com telhado cónico, diferenciação de volumes e simultaneamente do telhado, enfase do gablete, alpendre coberto, uso da bow-window, policromia, decoração a nível das empenas e beirais e, janelas de diversos tamanhos. No Shingle Style, os volumes são menos salientes, valoriza-se a assimetria, o revestimento do edifício é feito com telhas de várias cores. É um edifício estável de fundação de pedra e com uso de pedra rugosa e escura, os arcos e colunas são baixas e interiormente, um grande hall e escadaria vão organizando as divisões. Difere da anterior, pois é um desenho mais continuo. Frank Lloyd Wright vai buscar muito a estas tipologias.

Em 1889 mudou-se para um atelier próprio em Oak Park, nos arredores de Chicago. A casa de Wright em Oak Park teve três fases de construção. Uma primeira influenciada nas tipologias descritas, depois, são acrescentados os escritórios e, posteriormente a sala de desenho e a biblioteca. Esta casa já apresenta características que vão ser constantes nas suas obras - casa-laboratório, o resguarde da entrada e pilones a servirem de remate nos muros, os terraços, beirais suspensos, as lareiras centrais e urnas exteriores. Em 1893 construiu uma sociedade temporária com Cecil Corwin, até que abriu finalmente um atelier só seu. Com a casa William H. Winslow, em River Forrest, Ilinóis, iniciou a série de Casas da Pradaria, onde vai sempre prevalecer a ideia de sonho americano.

As casas da pradaria são feitas entre 1900 e 1910 e possuem muitas características idênticas entre elas: o acentuar da horizontalidade, os telhados com pouca inclinação, o beiral, o prolongamento para o exterior, possuem ainda, lareira e chaminé central, por vezes criando esta, um divisão própria sendo a sala a maior divisão da casa. Os espaços interiores são amplos, a planta é livre e as divisórias não estruturais, possuem envasamento, a entrada encontra-se resguardada. Os vãos são isolados ou em série, a ornamentação é sugerida pelos materiais. Este edifício já incorporava tubagens, aquecimento e iluminação e espaço para o automóvel. Existe uma recusa da combinação confusa e uma homogeneidade entre os materiais - mobiliário integrado na própria construção e a decoração deve ser feita apenas pelo arquiteto. A casa surge assim, como um reflexo, da própria personalidade e dos seus habitantes.

Outros exemplos de casas da pradaria são a Willits Residence, em Highland Park, Ilinóis (1901), feita em planta cruciforme, apresenta uma combinação de volumes a partir de um ponto central proporcionando equilíbrio. Acentua a ideia de casa ligada ao chão através a linha de modelatura, há uma organização linear e aqui aparece uma outra novidade muito usada pelo arquiteto: a janela de canto. O telhado apresenta uma inclinação suave. Existem muitos outros exemplos destas tipologias de casas.

Para além das casas da pradaria, o arquiteto faz, em 1906 um escritório The Larkin Administraion Building, aqui só demonstra a versatilidade de Wright. É um jogo de geometrias e volumes exteriores, enquanto interiormente é um espaço amplo grande e livre, não existe salas.


Em 1909, Wright deixa a família para fazer uma viagem à Europa, onde se tornou muito influente na arquitetura devido à exposição de sua obra em Berlim (1910), e à publicação do portfolio de Wasmuth. Entra em contacto com a arquitetura orgânica, esta que se desenvolve de dentro para fora - dentro desta filosofia está, a de um ser humano a se tornar melhor, que compreende e respeita a natureza. Para o arquiteto, a forma e a função são a mesma coisa, as novas tecnologias podem ser utilizadas desde que ao serviço do ser humano, tem que haver unidade estética. Assim, o edifício e a sua disposição no terreno, são tratados no global. O edifício encontra-se ligado a um tempo, há cuidado e atenção à escala intima, ligada à vida moderna e respondendo às necessidades dos habitantes - cada casa de acordo com cada pessoa. Existe uma sobriedade na escolha dos materiais (madeira, pedra, betão, ferro), dependendo da situação. Proporciona um ambiente quente, dado pelas cores utilizadas, o caso dos tijolos e das madeiras. O edifício é uma resposta individual do arquiteto a uma encomenda.

Ao regressar á América, fundou a associação Spring Green, Hillside Home School em Wisconsin, que se tornou uma escola. No mesmo local, construiu a Taliesin East em 1910, que ainda possui algumas características das casas da pradaria mas, encontra-se em harmonia com o espaço envolvente, que aliás, passa a ser uma das características das casas de Wright. Ela, foi construída, após regressar da Europa e possui uma história um pouco trágica, ardeu três vezes, e houve sempre por parte do arquiteto uma reconstrução - foi uma casa pensada para ele e para sua mulher Menah Borthwick Cheney, com características rusticas.

É entre 1916 e 1922 que trabalha no Imperial Hotel em Tóquio, com a colaboração de Antonin Raymond, onde acrescenta uma novidade, um edifício flutuante que resiste a tremores de terra pois nas suas fundações possui um suporte flexível.

Já entre 1917 e 1920, constrói a casa Barnsdall em Los Angels (terminada em 1932), robusta, reservada e pontuada com motivos ornamentais da cultura maia. Existe uma estilização da flor, uma tendência para a geometrização na ornamentação, o uso da estrela, aqui a lareira surge-nos como uma espécie de quadro abstrato, pois a casa foi pesada para receber festas, vindas das múltiplas entradas, existem pátios e diversos níveis. Assim na década de 20, surge uma nova tipologia - as Casas Maia, onde recorre ao uso do têxtil block system e ornamentação abstrata.

Dentro desta linha de raciocínio encontram-se a casa Millanrd House, La miniatura de 1923, onde recorre ao sistema da têxtil block system , isto é, modelos pré-fabricados em cimento que pode receber decoração, ligam-se entre si com metal que permite a montagem de uma parede dupla.

Esta tipologia são casas mais fechadas que transmitem uma ideia de bloco, pode ser revestida totalmente neste sistema ou apenas parcialmente.

Já os anos 30, foram um período de poucas encomendas, nesta fase o arquiteto, desenvolve as suas ideias juntamente com um grupo de alunos, acerca do plano urbanístico sobre o titulo de Broadacare City (1932), consistia num modelo para uma comunidade dispersa de habitantes que possuíssem automóvel: estradas largas, com meios de comunicação básicos de uma cidade, serviços não centralizados, e as casas deveriam possuir um espaço verde, também na malha urbanística deveria haver um equilíbrio entre a zona industrial e zona agrícola. Este projeto irá dar origem a uma outra tipologia de casas - a Casa Usoniana.

A casa usoniana responde a outras exigências, desenvolve-se em forma de L e a zona de terreno acompanha o interior, é um tipo de casa pré-fabricada, possui maior privacidade em relação à rua e a cozinha e sala formam apenas uma unidade, possui também aquecimento integrado. Temos como exemplos desta tipologia a casa Herbert Jaccobs House I, Madison (1936), é uma vertente mais económica que possui a entrada do carro no mesmo espaço da planta. Outro exemplo è a Hagan House, mais complexa e numa vertente menos económica. Usoniana era sinonimo de pessoal de Wright para a América.

Dos seus maiores projetos encontra-se a casa Fallingwater, na Pensilvânia (1934 - 1937). Sem dúvida é dos seus projetos mais habilidosos. Construída sobre a encosta de um penedo, por cima de uma queda de agua, foi um sonho possível de concretizar porque existia a tecnologia do betão, mas também com a recorrência ao uso da pedra e ferro. Predomina algumas características da casa da pradaria: sala central com lareira, terraços projetados e suspensos, envidraçamento das janelas. O seu interior, possui valores de conforto transmitidos pelas cores vermelhas, amarelas e laranjas contrastantes com a pedra. Todo o mobiliário é feito pelo arquiteto. Aqui podemos encontrar algumas características neoplásticas: núcleo central de onde saem projeções e fica suspensa do chão. Possui muita verticalidade e ortogonalidade e são de grande destaque a dimensão das janelas - há um jogo de linhas e geometrias.

A partir de 1936 começa a construir edifícios de funções diversificadas, neles inserem-se: escritórios, edifícios religiosos, banco e museus.

Dos seus escritórios, conforme já foi referido, o Larkin Administration Building, em 1906, e agora, desenha o Johnson Wax Building, 1936, onde se entra pela garagem. Por foras aparenta um edifício sólido sem janelas mas interiormente possui uma iluminação difusa, uma das características mais interessantes são as enormes colunas em nenúfar.

Outra das suas grandes obras é o Guggenhein Museum de Nova Iorque, feito em 1959, foi alvo de um motivo de discórdia - pensava-se que as paredes redondas iriam condicionar a sua utilização. O edifício, acabou por ser resultado da transformação dos temas orgânicos de Wright numa linguagem fantasista, com toque aerodinâmico motivada pela ficção cientifica - transformou-se num sonho americano, contruído no centro da cidade principal do século XX. É também de realçar o uso da forma em espiral e a sua iluminação é zenital - também uma das características de Wright - uso da iluminação dependendo das necessidades das obras.

Podemos então concluir que Frank Lloyd Wright foi o maior arquiteto do século XX e que deixou um enorme legado para a arquitetura mundial. O seu estilo próprio, o organicismo marca caminho para a modernização da arquitetura, design e engenharia. Deixa-nos uma vasta obra tanto a nível de projetos executados e pela arte literária da filosofia da arquitetura orgânica. No fim da sua vida, deixa inúmeras obras em papel, relativo a projetos astronómicos, quer a nível monetário ou de conceção para a sua época. Podemos afirmar que Frank Lloyd Wright foi um dos maior visionário no campo da arquitetura.


- Texto por Irina Marques





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