Falo de frequências e frequências - as que sintonizamos e as que experienciamos - umas sintonizamos e falamos das mesmas questões e as outras, bem as outras, é conforme calha.
As minhas frequências por norma são interrompidas constantemente por barulhos externos, nestes diálogos que tenho para comigo, por vezes, são interpolados por situações exteriores. A minha forma de pensar é confusa e sinto que apenas coso palavras e encadeio pensamentos para eles fazerem sentido - falho redondamente. A minha comunicação é inquietante, não estática, move-se e confunde-se com outros pensamentos. No momento que quero passar uma ideia, nesse mesmo instante, já uma nova se forma dentro de mim, ora porque vi, ouvi, vivi e tento dar sentido muitas vezes não fazendo muito sentido.
Poucas pessoas sintonizam a minha frequência, normalmente pessoas com déficit de atenção e hiperatividade entendem-se perfeitamente, o restante, torna-se difícil. Muitas vezes passamos por alheados, pouco atentos, dessincronizados. Às vezes, na brincadeira digo que a minha mente parece um rádio que apanha diversas frequências - tão depressa foca em algo profundamente e emite assim como pode já estar noutro lugar.
Tentar dar sentido ao que sinto e escrevo, é difícil. Sinto que não sou muito transparente porque quando digo algo a pessoa apreende algo totalmente diferente. Tenho uma dualidade muito complicada de lidar, sou a pessoa mais calada de um grupo, em mais de três pessoas ninguém me ouve falar mas se me colocarem um papel à frente ou se me perguntarem sobre as minhas obras torno-me a pessoa mais insuportável e aborrecida do mundo, não sei quando parar. Controlar estas frequências internas não é fácil.
Tenho dois amigos que vivem na mesma sintonia que eu e são apenas esses dois, amizades que duram por sermos demasiadamente parecidos, encontramo-nos na mesma frequência - e isto é bom e mau ao mesmo tempo. É como um vício insatisfeito mutuamente.
Comments