"Quanto mais estudo o meu bloqueio criativo menos força ele tem em mim."
Desde o momento em que identifiquei qual era o "problema" que estava a ter as condicionantes assumiram um outro papel. Tratou-se de identificar e relativizar o problema. E a partir do momento em que comecei a escrever sobre ele, abriram-se novos horizontes. Hoje em dia já existem inúmeros estudos sobre os bloqueios criativos e algumas ideias para suas soluções. Estudo com cuidado este assunto.
Os bloqueios podem ser situações que nos ocorrem inconscientemente e têm manifestação no nosso consciente sem sabermos muito bem como. O que pode funcionar para uns, pode não funcionar para outros.
Quem é artista, em qualquer tipo de área, entende bem o que é passar por estes períodos. Reformulo, qualquer pessoa, criativa e não criativa, pode passar por estes bloqueios. Durante muito tempo, erradamente, esta terminologia apenas era empregue a escritores mas hoje em dia já é empregue a qualquer pessoa que lida com a criação, seja: musica, pintura, desenho, fotografia, vídeo, escrita, teatro...
Ao falar com uma amiga no outro dia, ela passava pelo mesmo que eu, mas não propriamente por causa da mesma situação. O caso dela era um espécie de burnout, isto é, aceitava tantos mas tantos trabalhos que não tinha possibilidade de conseguir ser criativa, ficava paralisada pelo excesso de escolhas que tinha. Não se focava em nada concreto e sentia-se frustrada e esgotada com essa situação. Ao conseguirmos falar sobre isso e identificar o que se passava, podia tomar algumas posições que a ajudassem a entender como contornar esta situação. Nesse caso, foi necessária ajuda profissional de um terapeuta.
Um dia perguntaram-me como é que eu tinha tantas ideias e eu pus-me a pensar... Houve um dia em que me apercebi o que motivava a produzir. Foi numa semana que fiquei a tomar conta de uma loja, fazíamos turnos, ora entrava de manhã ou à tarde. Era inverno e ninguém entrava naquela loja que era uma lojinha de rua. Durante as horas que lá estive, produzi mais que em semanas de trabalho. O que fez com que isso acontecesse? O tédio.
Quando estou em períodos que não tenho nada para fazer e nada me distraí tenho a tendência de me virar para a imaginação. É algo que me acompanha desde criança, cresci como filha única e a forma que encontrava de me distrair e brincar era refugiar-me na imaginação. Lá criativa fui muito... tão criativa e imaginativa que nem nas aulas prestava atenção quando era nova, confesso que fui uma criança um pouco indomável.
Ultimamente tenho "andado a forçar" ter ideias, escusado será dizer que não resulta. Tudo me parece inconcretizável e chego mesmo a questionar as minhas capacidades de realização de obras. Sei que nada se prende ao facto de falta de auto-estima ou outra coisa qualquer mas sim, conforme já foi referido, o facto de ter conseguido realizar uma exposição no espaço que queria. Realizei esse objectivo e de repente... um vazio.
Estes bloqueios não me acontecem com frequência, confesso que este foi o mais sério. Mas ontem, a caminho do workshop de Todos os Cantos, aconteceu a coisa mais extraordinária de sempre. Sai de casa e ia com pouca vontade de fazer o que quer que fosse, durante o caminho, explodiram mil ideias e eu creio que foi por ontem ter identificado o meu "problema". A partir do momento em que há essa identificação é possível saber o que se pode fazer quanto a isso.
Não digo que o dito bloqueio não volte mais, é claro que vai voltar, mas agora foco-me em saber lidar comigo para que possa continuar a trabalhar.
Comunicação Inquietante
Bloqueio criativo
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