Há uma coisa muito importante que aprendi durante a minha vida.
Não importa o que se faça na vida - os inimigos vão-te sempre odiar e quem te apoia vai sempre gostar de ti. É algo que já não me preocupa, a vida ensinou-me a saber com quem posso contar. E nem que possa apenas contar pelos dedos de uma mão, são-me suficientes, são verdadeiros.
Os que outros carregam de ti, são apenas pensamentos e não valores. O verdadeiro valor é aquele que está dentro da nossa mente e coração, está dentro de nós. E como uma famosa pesquisadora sobre emoções dizia, cito Brené Brown:
"Se não estás ali, na arena comigo, então pouco me importa a tua opinião!"
Sou grata porque, tive sempre com quem contar, por vezes essas pessoas não eram assim tão visíveis, mas os seus apoios foram incondicionais. E ainda hoje em dia, posso dizer que tenho a sorte de me encontrar a conviver e encontrar mais pessoas assim, que agregam.
A vida não é um conto de fadas, nem um filme de Hollywood, nem sempre tem finais felizes, é algo que não te dizem em nova. E vais ter que lutar muito porque ter uma licenciatura, pós-graduação ou mestrado hoje em dia não significa nada. É importante que desde cedo reconheçamos bem as nossas emoções para saber lidar com as frustrações, com a incerteza, com a deceção, pois elas, compõem o ser humano. E se aprendermos desde cedo que estas emoções são tão validas como a felicidade e contentamento, já estamos a um passo de nos entendermos melhor.
Na minha vida sempre segui muito a par com as minhas emoções, nunca as escondi, as minhas fraquezas e vulnerabilidades eram expostas e, é claro, que certas situações não são escritas porque pertence a algo muito íntimo - essas situações são reservadas apenas a contextos familiares e de amizades.
Já várias vezes me questionei o porquê das pessoas se identificarem com os meus textos, dizerem que sentiam que me conheciam. Talvez porque tente pôr em palavras aquilo que muitos de nós carregamos e pouco falamos por medo ou vergonha. Todos nós sabemos daquela nossa vozinha dentro da nossa cabeça que nos diz: "É melhor estares calado. Vais dizer disparates. Vão olhar para ti de lado. Vais passar vergonha". E seja qual for o discurso que ela nos diz, todos nós a temos, por vezes é necessário a contrariar e dizer que quem toma o comando somos nós. Essa vozinha apenas reflete o que a sociedade quer que tu sejas, perdes-te da tua própria essência, cria-te medos. Se temos que viver em sociedade? Claro que temos, mas numa sociedade castradora? Aquela que te diz que se tens ideias genuínas e diferentes és louco? Então chamem-me louca! Adoro pensar pela minha própria cabeça do que ter uma opinião formada por alguém que nos tenta formatar.
Poucas pessoas conseguem perceber na loucura em que vivem, porque loucos, somos todos nós - só fico com pena daqueles que ainda não perceberam que o são e se acham sãos. E com isto não refiro que tenhamos carta verde para fazermos tudo o que queremos prejudicando os outros, isso não é loucura, mas sim maldade.
E como já em tempos referi, dar valor às mais pequenas coisas do dia a dia, às nossas pequenas batalhas diárias, tentando compreender como funcionamos é melhor que criar barreiras neste mundo de perfeição. Perfeição não existe e imperfeição não é fraqueza.
Há um tempo atrás que eu criava obras e expunha, recebia inúmeras opiniões e claro, críticas. Desde que fossem fundamentadas acrescentavam, mas muitas delas não o eram. No universo das artes plásticas as pessoas olham para a obra e é bonito ou feio, é valido, o gosto de cada um é isso mesmo - um gosto. Mas se a obra despertar emoções a alguém é essa pessoa que terei todo o gosto em ouvir, ali reside uma história que só a própria pessoa sabe, que só ela lhe despertou tal sentimento. Aprendi também a ouvir o que colegas de profissão tinham a dizer e não só, pessoas que lidam com obras de arte, que tem sensibilidade artística, pessoas que estão lá "na arena" - expostos.
Irina Marques
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