O Impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou profundamente a pintura e deu início às grandes tendências da arte do século XX. Marca um fim e um princípio. Nasce em Paris cerca de 1865, só surge publicamente com uma primeira exposição colectiva feita no estúdio do fotógrafo Nadar em 1874, onde expõem artistas que, futuramente se iria qualificar de impressionistas: Edgar Degas, Claude Monet, Auguste Renoir, Camille Pissarro, Paul Cézanne, Sysley, Boudin e Berthe Morisot.
O termo “impressionisme” é pela primeira vez editado no periódico "le Charivari" de 25 de Abril de 1874 pelo critico de arte Louis Leroy, tendo como base a obra de Claude Monet intitulada Impression, soleíl levant para aí qualificar de Exposítion des impressionnistes a pintura exposta no estúdio de Nadar.
O grupo ficou conhecido por realizar uma pintura ao ar livre, em frente ao motivo, numa nova concepção de pintura, de celebração dos espaços do mundo e da luz. Adoptando um princípio dinâmico por excelência, o grupo também eliminou as referências mitológicas, religiosas e históricas para refletir a vida contemporânea e a nova Paris, as impressões momentâneas e fugazes de seu quotidiano.
À exposição inicial seguem-se outras sete (1876, 1877, 1879, 1880, 1881, 1882 e 1886). Na segunda exposição do grupo efectua-se em 1876 Cézanne não participa. Conhecem reacções hostis por parte do público e da crítica, com excepção de algumas leituras favoráveis, como as de Armand Silvestre, Duranty e Duret, este último autor do primeiro estudo analítico sobre a nova pintura, Os pintores impressionistas (1878). O grupo tem sua formação associada à Academie Suisse e ao ateliê Gleyre, em Paris, e entre seus principais integrantes estão Claude Monet, Pierre Auguste Renoir, Alfred Sisley, Frédéric Bazille , Camille Pissarro, Paul Cézanne, Edgar Degas, Berthe Morisot e Armand Guillaumin. Não se pode referir uma formação homogênea nem de um programa definido, pode-se referir princípios comuns na pintura dos artistas citados: nas diversas tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz solar num determinado momento, de acordo com a incidência da luz, as cores da natureza vão-se modificando. Outro traço característico é as pinturas não apresentarem contornos nítidos, as sombras devem ser luminosas e coloridas, devido á impressão visual que estas causam, não são escuras nem pretas, como se pintava no passado. Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. Assim, um amarelo próximo a um violeta produz uma impressão de luz e de sombra muito mais real do que o claro-escuro tão valorizado pelos pintores barrocos. As cores devem ser puras e dissociadas nos quadros em pequenas pinceladas com fim de provocar um efeito óptico, é o observador que, perante a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para ser óptica. Procuravam obter a vibração da luz, o aspecto efêmero da vida, fugaz momento da luz e da sensibilidade, acto de amor entre artista e mundo, despido de toda e qualquer contingência exterior às suas motivações mais profundas.
A grande mudança na técnica utilizada é a justaposição, na tela, em pinceladas vibrantes, das cores puras, de modo a provocar a fusão dos tons nos olhos do espectador, em vez de se misturarem na paleta, o que veio permitir a pintura dos efeitos coloridos da luz solar na atmosfera.
Entre 1874 e 1896 realizam oito exposições colectivas, formando a mais importante corrente de contestação ao Academismo.
Dentro deste grupo de artistas são de referência, Claude Monet (1840-1926) que começou seu trabalho como ilustrador e caricaturista, onde alcançou certa fama quando ainda era praticamente adolescente. Em 1856, o pintor françes Boudin, inicia-o nas técnicas de pintura paisagística e ensina-o a pintar ao ar livre de modo a captar melhor as cores e a luz. Mais tarde muda-se para Havre, depois Paris onde viria a frequentar a Escola de Belas Artes e no Ateliê de Gleyvre faz amizade com Renoir, Sisley e Bazille. Futuramente viaja para Londres com Renoir, lá conheceu Daubigny e por contacto com este, o dono da galeria Durand-Ruel. Seus quadros aquando a ida a Londres refletem seu interesse pela fotografia e pintura oriental.
O espaço e a perspectiva são obtidos pela contraposição de estruturas geométricas e um intenso contraste cromático. Depois da apresentação em Paris, em 1874, do seu quadro Impressão, Sol Nascente, ele e todo o seu grupo de amigos foram mencionados como impressionistas e num sentido mais depreciativo como "a turma de Monet". Pouco a pouco, abandona as tonalidades mais escuras de suas obras e opta por uma paleta de cores frias e transparentes.
Em Argenteuil, pinta com Sisley e Pissarro, tanto no Inverno quanto no Verão. Além das paisagens, tentou abarcar motivos da vida moderna, estações, locomotivas. Deu início também aos seus célebres quadros de catedrais, de contornos quase inexistentes, aqui, a forma é dada pela reprodução da luz e da cor. Como conclusão de sua obra são os quadros que compõem a série Ninfas, especialmente o Tanque dos Nenúfares. Não será errado afirmar que Monet foi o mais puro representante do espírito impressionista.
De origem humilde, Auguste Renoir (1841-1919) possui desde início na sua obra sensualismo e elegância do rococó, embora não faltasse um pouco da delicadeza de seu ofício anterior como decorador de porcelana. Assiste às aulas no ateliê de Gleyre, onde aperfeiçoa a sua técnica e se torna amigo de Sisley, Monet e Bazille. Seu objectivo era conseguir realizar uma obra agradável aos olhos. Renoir nunca deixou de dar importância à forma, chegando a possuir uma pintura mais figurativa, evidente na longa série Banhistas. Mais tarde retomaria a plenitude da cor e recuperaria sua pincelada enérgica e ligeira, com motivos que lembram o mestre Ingres, por sua beleza e sensualidade. Uma de suas obras de relevância é “O Baile no Moulin de la Galette”, onde elabora uma atmosfera de vivacidade e alegria à sombra refrescante de algumas árvores, aqui e ali intensamente azuis.
Degas, (1834-1917) nascido numa família rica, inscreveu-se na Academia de Belas-Artes, onde assistia às aulas de Lamothe, que foi aluno de Ingres. Entre os anos de 1856 e 1857, fez uma viagem à Itália, para estudar a obra dos mestres do cinquecento. Voltando à França entrou em contacto com o grupo de impressionistas, embora tivesse continuado a se dedicar aos quadros históricos e de gênero. A partir de 1870, interessado nas teorias de seus amigos do café Guerbois, Monet e Renoir, entre outros, fez uma série de quadros de balé, ópera e corrida de cavalos. Todos esses temas lhe permitiram fazer experiências com a cor e o movimento e, principalmente, com a força descritiva do traço, algo que Degas admirava em Ingres. Seus primeiros quadros caracterizam-se por aplicar todas as teorias renascentistas sobre espaço e perspectiva, depois, faz tentativas com planos e pontos de vista inusitados. Como tema principal, centra-se nas cenas cotidianas e íntimas do mundo feminino, tendentes à desmistificação da mulher. De todos os impressionistas é o que melhor sabe usar a técnica da fotografia. Também se interessou vivamente pelos quadros de Ukiyo-e japoneses, fato que se reflete ainda mais em suas últimas obras, quando, quase cego, só podia pintar com pastel.
A busca por elementos fundamentais de cada arte levou os pintores impressionistas a pesquisar a produção pictórica não mais interessados em temas nobres ou no retrato fiel da realidade, mas em ver o quadro como obra em si mesma A verdade é que o Impressionismo é mais um estado de espírito do que uma técnica e constitui um momento inaugural da arte moderna.
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