Viver numa realidade totalmente diferente
Não ver a vida como ela é, é imagina-la, como gostaríamos que fosse, fantasiar...
Olhar para algo, e não ver, desconstruir e sentir, captar a essência...
Criar, fantasiar, perder, achar, e tentar...
Pintar e fracassar, pintar por cima, esborratar e nada sair...
Enfrentar a tela e ver nosso pior inimigo e amigo...
Viver de constantes paixões, inspirações e emotividades...
Ser o seu maior critico, para o bem ou para o mal, normalmente para o mal...
Enfrentar demónios e sonhos e vivê-los repetidamente...
Nunca atingir a perfeição não nos é permitido...
Estar sempre insatisfeito e em dúvida...
Tentar gerir a emotividade para não desistir...
Viver na sombra e solidão para a inspiração...
Viver com seus fantasmas, na penumbra...
Ser otimista e pessimista...
Ser obsessivo e compulsivo...
E muito, muito paciente...
Moldar o mundo à nossa volta...
Transformar e criar sonhos...
Viver de valores mortos na procura de sua essência...
Não aceitar conformismo...
Tentar chegar à alma...
Ter esperança que a sapiência antiga nos traga iluminação...
Criar para nos tentar agradar, para sair de nós, para expressar...
Criar para nos agradar mesmo que os outros não entendam...
Lutar por uma identidade...
Saber viver com a solidão, acarinha-la com um nome para pesar menos...
É apelidar o tempo de processo e não de tempo...
Viver dos antigos pintores, sonhar, vive-los, absorve-los, e aspirar a algum dia podermos chegar a eles.
É uma dura realidade, e eu? Estou nela.
- Irina Marques
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