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Foto do escritorIrina Marques

Tudo muito simples

Atualizado: 16 de fev. de 2024

O processo da obra de arte que te encontras a trabalhar é bastante simples - dito por outras palavras, a base seria bastante simples.


Nunca fez o teu estilo trabalhar em colagens, nunca te identificaste, mas neste caso específico, faz todo o sentido. Sentido que assim o fosse.


Portanto, a base é bastante simples, arranjas vários jornais e começas a rasgar em pequenos pedaços as notícias de um ontem. À parte, num recipiente crias a argamassa que consiste em tinta acrílica junta com cola branca.


Notícias do passado, de um ontem que já ninguém se lembra. Rasgas em pequenos pedaços essas notícias.


O simbolismo de fazer uma obra, tudo aquilo que envolve, todas as metáforas e analogias, o próprio acto de criar - tudo tem um papel essencial.


Começas a colar um a um cada pedaço de papel rasgado e amassado, aos poucos foram algo - Amorfo.


Observas um pequeno pormenor, ao colocares os papéis um deles escorrega cai pela tela levando consigo um rasto de tinta e pensas derrocadas atrás de derrocadas, sentes pequenos tremores.


Artista plástico como vasilhame de emoções que tem voz numa criação qualquer.


A base é simples - tudo começa com pequenos recortes de um ou outro ontem. E os fios criados pela cola? São as ligas inexistentes no mundo de areia e pó.


Tentas explicar e descrever toda esta e mais alguma analogia mas assim que verbalizado ou escrito, perde o sentido - ao criares mais se vai compondo - e encontras novas analogias a obra é então algo em constante mutação. Tudo o que viste, tudo o que sentiste é transferido para a obra e cada vez mais ela obtêm a sua própria voz.


Acompanhas a tua criação com estas reflexões sem qualquer sentido.


Comunicação Inquietante

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